21 de agosto, de 2025 | 13:00
Um governador falando abobrinhas para esconder o que realmente importa
Miguel dos Santos *
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, tem ganhado destaque nacional em todos os canais de notícias, postando vídeos nas redes sociais e fazendo declarações em entrevistas, virando piada por todos os lados. Depois de aparecer comendo banana com casca, já falou mal do Bolsa Família, comparou pessoas em situação de rua que precisam ser removidas como se fossem carros velhos, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo que não sabe se houve realmente ditadura militar no Brasil e fez várias outras declarações polêmicas.
Zema chegou a defender que Brasil “saia do BRICS”, mas foi justamente lá que o seu governo foi buscar empréstimo para não afundar de vez. Em julho o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) estabeleceu tratativas com o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), entidade financeira dos Brics, por um empréstimo que pode render US$ 200 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão na cotação atual) ao banco mineiro até o fim do ano.
São situações tão absurdas que não resta outra saída senão acreditar que o ilustre político de Araxá faz isso porque precisa desviar as atenções da realidade de Minas Gerais.
E a realidade de Minas Gerais é a dívida do estado. Quando Romeu Zema assumiu em 2019, era de 120 bilhões de reais. Chegou em 2024 a 160 bilhões de reais, ou seja, em sete anos, o Romeu Zema que poderia ter diminuído a dívida de Minas Gerais com a União, se fosse um gestor bom, um gestor excelente, que representa um movimento chamado “Novo”, ele teria enxugado o estado e feito o estado funcionar de maneira eficiente.
A dívida tem mais de 30 anos e sua origem remonta à liquidação de bancos estatais na década de 1990. Passaram-se vários governos e nenhum deles resolveu. Zema, que representa o novo, fez como os velhos políticos, a empurrou com a barriga.
“Zema chegou a defender que Brasil ‘saia do BRICS’, mas foi justamente lá que o seu governo foi buscar um empréstimo bilionário”
E o que ele fez para resolver essa situação? Colocou o Estado de Minas Gerais em regime de recuperação fiscal, ou seja, não consegue pagar a dívida e sacrifica os mineiros com uma série de limitações de serviços públicos. Em resumo, aumentou a dívida de Minas, não conseguiu pagar e correu para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pedindo socorro para Minas Gerais.
Mas se você acha que acabou, tem mais. No fim de julho, a Rádio Itatiaia divulgou uma notícia segundo a qual o Governo de Minas deixou de arrecadar R$ 111 bilhões em impostos de grandes empresas desde 2019. Os dados foram divulgados pelo Sindicato dos Servidores da Tributação, Fiscalização e Arrecadação de Minas (Sinfazfisco), que representa os fiscais de tributos do estado. Zema logo se defendeu, afirmando que o mecanismo é legal e garante competitividade, e que “as isenções não são benefícios fiscais, mas atrativos e incentivos comerciais, para alcançar geração de empregos”.
Por essas e por outras que Zema precisa ficar falando as bobagens que os usuários de internet tanto gostam, transformam em memes e ficam rindo. Mas enquanto as pessoas riem, Romeu Zema ficou sete anos no estado de Minas Gerais, aumentou a dívida pública do estado, aumentou seu salário em 300%, concedeu benefício fiscal para empresários amigos e hoje o estado de Minas Gerais está em regime de recuperação fiscal, mesma situação do Rio Grande do Sul, do Eduardo Leite, do Rio de Janeiro, do Cláudio Castro e de Goiás. É esse povo que quer chegar ao governo federal. Na prática, não conseguem nem sequer administrar as finanças de seus próprios estados, mas fazem os eleitores rirem de suas piadas sem graça.
É nesse cenário que no dia 16 de agosto Zema lançou a sua pré-candidatura à presidência da República em um evento em São Paulo, tornando-se o segundo governador da direita a se colocar como pré-candidato na disputa ao Planalto, em um cenário ainda indefinido em meio à inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) e à indefinição de seu sucessor. Acorde, povo mineiro, acorde, povo brasileiro.
* Economista.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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Paulo
21 de agosto, 2025 | 13:50“Estou impressionado com esse jornal de direita publicar uma matéria dessas. Zema consegue enganar todo mundo com esse discurso de direita com soluções simples para problemas complexos que na verdade nunca funcionarão. Mas estenda esse perfil ao nosso prefeito, ao governador de SP, ao deputado Nikolas e ao senador Cleitinho. Esses dois últimos, pode ter certeza de que passarão sem nenhum projeto relevante pro país, e pior, tudo que é a favor do povo, vão votar contra.”
Gildázio Garcia Vitor
21 de agosto, 2025 | 13:35“O problema não são as "abobrinhas" que este BocóZema-ZemaNé fala e as bananas com casca que ele come. São os que acreditam nele, como um dos alunos mais inteligentes que tive ao longo de mais de 43 anos. Primeiro Engenheiro de Automação e Controle, formado pela UFMG, a entrar na Usiminas, atualmente Gerente de Projetos da empresa.”