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21 de agosto, de 2025 | 07:00

Folclore: identidade, tradição e formação integral

Gabriel Masello Pequeno *

Há quem veja o Dia do Folclore apenas como uma data folclórica no calendário escolar, com fantasias e apresentações. Eu vejo diferente. Para mim, essa data é um lembrete urgente: não podemos permitir que a riqueza cultural que molda nossa identidade se perca na pressa e na distração da vida moderna. No Colégio Marista São José - Tijuca, celebramos o folclore como algo vivo, presente e transformador - e é assim que ele deveria ser lembrado em todo o país.

No Colégio, onde vivo o dia a dia da educação, aprendi que o Dia do Folclore, celebrado em 22 de agosto, é muito mais do que uma data no calendário escolar. Para nós, Maristas de Champagnat, é uma oportunidade de aproximar os estudantes da riqueza cultural e histórica que forma a identidade do nosso país. Sempre que vejo nossos alunos mergulharem em lendas, músicas, danças, brincadeiras e saberes tradicionais, percebo que não estamos apenas falando de histórias antigas, mas de conhecimentos vivos, que atravessam gerações e conectam diferentes povos na construção de quem somos.

Acredito que cultivar o respeito à diversidade e à cultura brasileira é parte essencial do nosso compromisso educativo. Não é apenas preservar o que recebemos, mas garantir que esse patrimônio coletivo seja transmitido e valorizado. Por isso, desde a Educação Infantil, fazemos do folclore um tema presente, despertando curiosidade e imaginação, ingredientes indispensáveis para o desenvolvimento cognitivo e socioemocional. Quando observo as crianças participando de rodas de histórias, cantando músicas tradicionais ou brincando como seus avós brincavam, vejo que estão fortalecendo o vínculo com a própria identidade e aprendendo a compreender o outro. É o cuidado sonhado por São Marcelino Champagnat: formar não apenas mentes, mas corações abertos à fraternidade.

Com o tempo, esse aprendizado se aprofunda. No Ensino Fundamental, o estudo do folclore se torna mais crítico e contextualizado. Os alunos começam a entender como as manifestações populares refletem a história, a geografia, a economia e a espiritualidade dos diferentes povos que formam o Brasil. Nessa jornada, a interculturalidade deixa de ser um conceito abstrato e passa a ser vivida: conhecer as culturas indígenas, afro-brasileiras e regionais é um exercício de empatia, de quebra de estereótipos e de construção de pontes entre modos distintos de viver.
“Não basta falar em tecnologia, inovação ou competitividade sem que a base cultural esteja sólida”


Já com nossos jovens do Ensino Médio, o folclore vira tema de reflexão sobre identidade, memória e cidadania. É gratificante ver que eles entendem que preservar o folclore não significa congelar o passado, mas reconhecer suas transformações e seu papel na construção de um futuro mais justo e solidário.

Para mim, associar o folclore à ideia de tradição é reconhecer que herdamos uma sabedoria acumulada, que pode e deve ser reinterpretada à luz das experiências contemporâneas. É valorizar a ancestralidade como força que nos conecta e fortalece nossa identidade.

Enquanto educador, acredito que celebrar o Dia do Folclore é reafirmar nossa missão de educar para a vida. O conhecimento não está apenas nos livros: ele também pulsa nas rodas de histórias, nas cantigas antigas, nas danças que resistem ao tempo. Ao integrar o folclore ao percurso formativo, fortalecemos a identidade cultural, cultivamos o respeito à diversidade e reafirmamos que a verdadeira educação é aquela que une saberes, valores e experiências para formar seres humanos plenos e fraternos.

E aqui deixo minha provocação: de que adianta formar jovens para o mundo se eles não sabem de onde vieram? Não basta falar em tecnologia, inovação ou competitividade sem que a base cultural esteja sólida. Um país que esquece suas histórias, suas danças e suas vozes mais antigas arrisca-se a perder o que tem de mais valioso: sua alma. E a escola, a nossa e todas as outras, tem o dever de impedir que isso aconteça.

* Professor e coordenador pedagógico do Colégio Marista São José – Tijuca.

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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

21 de agosto, 2025 | 13:19

“Excelente artigo! Ontem, a minha ex-Diretora e grande amiga, Professora Elaine Bicalho, cortou um dobrado para adaptar e contar para os seus aluninhos de 6 anos a estónia da "Mula Sem Cabeça". Segundo ela foi maravilhoso! Ouviu até um "Óóóóóóóóó!"”

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