22 de agosto, de 2025 | 08:45

Aumento no preço do café tradicional impulsiona o consumo de cafés especiais no Vale do Aço

Enviada ao Diário do Aço
Para João Cláudio, da Kávé Cafés Especiais, consumidores passaram a investir em qualidade em vez de quantidadePara João Cláudio, da Kávé Cafés Especiais, consumidores passaram a investir em qualidade em vez de quantidade
Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço
A alta dos preços dos cafés tradicionais e extraforte fez com que muitos consumidores migrassem o consumo para os cafés especiais, visto que os preços se aproximaram. Para empreendedores que atuam nesse ramo, no Vale do Aço, a inserção no mercado foi facilitada, uma vez que o que era tido como caro passou a ser competitivo.

João Cláudio Araújo é fundador e responsável pela torrefação da Kávé Cafés Especiais, localizada no bairro Cidade Nobre, em Ipatinga, onde ocorre a torra, venda e distribuição de cafés especiais selecionados de diferentes produtores e regiões do Brasil. João Cláudio trabalha com café há 11 anos, e abriu a empresa há quatro anos.

Na Kávé, o trabalho é feito exclusivamente com cafés especiais acima de 80 pontos na escala SCA, sistema de pontuação utilizado para analisar a qualidade.

Em entrevista ao Diário do Aço, o empresário conta que percebeu a alta no preço do café no fim de 2023, que se intensificou ao longo do ano que passou. Seus produtos encareceram de 60% a 80%. “Os cafés de entrada, na faixa de 250g, foram os que mais sentiram impacto para o consumidor final. Apesar disso, notamos que muitos clientes fiéis migraram para pacotes maiores (1kg), buscando melhor custo-benefício”, afirma João Cláudio.

Curiosamente, diante da alta, muitos consumidores optaram por investir em qualidade em vez de quantidade. João conta que muitas pessoas, em vez de reduzir o consumo, optaram por explorar cafés diferentes dentro da mesma faixa de preço.

Reviravolta no mercado
Para Maria Lúcia de Castro Falcão, produtora rural e proprietária da De Castro Cafés, situada no Córrego Rio Preto, na zona rural de Caratinga, a alta do café commodity fez uma reviravolta no mercado, deixando o consumidor perdido com os preços altos e à procura de alternativas, o que facilitou a inserção de sua empresa no mercado da região. Maria Lúcia faz parte da terceira geração de família produtora de café, que está no ramo da produção há 15 anos. Ela participa do processo de produção, colheita e elaboração dos produtos que são entregues diretamente ao cliente.

A empresária detalha que seu estoque conta com variados tipos de produtos, como o café gourmet (R$ 80 kg), que consiste na linha de cafés com grãos de qualidade tipo exportação, que ficou mais pressionado pelos preços.

“E o café especial (R$ 120 kg), que atende a um consumidor mais exigente e conhecedor de café, que paga um pouco mais pelo produto. O tradição (R$ 70 kg), de torra escura, trata-se de uma linha mais comercial, ajustada de acordo com o produto oferecido no mercado popular, mas com a qualidade de serem grãos de café, sem nenhuma mistura”, informa à reportagem.

Há, ainda, uma caixinha drip coffe (R$ 20). A partir de janeiro de 2025, foi preciso reajustar os preços, tendo em vista que sua empresa foi pressionada pelo mercado. O ajuste ficou em torno de 20% a 40%.
Enviada ao Diário do Aço
Vinícius de Araújo Lopes, da Cafezeras Cafés Especiais, afirmou que não houve redução no consumo do café especialVinícius de Araújo Lopes, da Cafezeras Cafés Especiais, afirmou que não houve redução no consumo do café especial

Volume da produção se mantém estável
A família do mestre de torra Vinícius de Araújo Lopes produz café há mais de 80 anos em Bom Jesus do Galho, na região de Matas de Minas. Vinícius é dono da Cafezeras Cafés Especiais, fundada em 2023, e localizada no bairro Cariru, em Ipatinga. O foco de atuação consiste em cafés especiais e gourmet, com pontuações entre 82 e 84 pontos.

Ao Diário do Aço, Vinícius explica que no início de 2024 a saca do café ficava em torno de R$ 2 mil, e que o valor atual está em torno de R$ 3 mil. O preço do pacote de 250g do café especial que produz aumentou de R$ 17 para R$ 28 no mesmo período.

“A disparada do preço ocorreu a partir de abril do ano passado, devido ao baixo volume de café colhido nas lavouras. A quebra se deu devido à instabilidade climática, como chuva irregular durante o verão de 2023 e 2024”, pontua.

Para o cafeicultor, não houve redução no consumo do café especial, e o volume da produção se manteve estável, mesmo após o repasse dos aumentos de preços. “Quando o público aprende a apreciar o verdadeiro sabor do café, com notas sensoriais adocicadas e frutadas, muitos não admitem mais enfrentar o amargor do café tradicional. Mesmo que o preço possa ter afastado alguns clientes, o público que abraça o café especial aumenta e novos clientes são feitos”, destaca.

Para se reinventar e se adaptar aos novos preços do mercado, Vinícius de Araújo Lopes optou pela participação em eventos e feiras de expositores, além de aproveitar o “boca a boca” para alcançar mais públicos. “O que garantiu a estabilidade na média de produção. Também foi alterada a estratégia de negócio, priorizando a venda direta, sem intermediários, para melhorar a margem, sem a necessidade de aumentar a produção”, conclui.
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