27 de agosto, de 2025 | 07:09

No Dia Nacional do Psicólogo, terapeuta e psicanalista explicam a importância da saúde mental no ambiente acadêmico

Por Dani Rogue – Estagiária sob supervisão
A saúde mental é um tema que vem ganhando espaço nos últimos anos entre discussões, debates, rodas de conversa e um mês voltado para o combate ao suicídio. Neste contexto, e no Dia Nacional do Psicólogo, lembrado neste dia 27,como a saúde mental é tratada no ambiente acadêmico? Quem responde ao Diário do Aço são psicólogas de uma das principais instituições de ensino do Vale do Aço.

Laísa Campos, psicóloga, mestra em Ciências da Religião, especialista em juventudes e mundo contemporâneo e demais especializações, explica que a saúde mental dentro das instituições é essencial para o desenvolvimento acadêmico e profissional. "Precisamos olhar para a saúde mental como parte essencial da formação dos nossos estudantes. Não basta preparar para o mercado de trabalho - é preciso ajudar cada jovem a encontrar sentido, propósito e espaço para existir com dignidade. Vivemos uma realidade marcada por dados alarmantes, como os do Atlas da Violência de 2023, que mostram o crescimento do número de suicídios entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil. São histórias interrompidas, sonhos que não puderam ser sonhados”, explicou.

A professora, psicóloga e psicanalista Marcela Fernanda acredita que promover um ambiente acadêmico mais saudável é importante para a saúde mental. “A promoção da saúde emocional nas instituições deve considerar as demandas específicas de cada contexto. Ações genéricas como cuidado e acolhimento são fundamentais, com espaços seguros para escuta e orientação. Serviços gratuitos de psicologia abertos à comunidade são exemplos eficazes de apoio. É importante que o trabalhador se sinta pertencente e valorizado, com iniciativas simbólicas como folgas e comemorações. Cada instituição deve pensar em estratégias que dialoguem com seu público e realidade. A saúde mental é atravessada por fatores biológicos, psicológicos e sociais, e exige atenção às particularidades”, disse.

Produtividade

Laísa explica também os principais fatores que atigem negativamente a saúde mental de estudantes e professores: “Vivemos em uma sociedade acelerada, marcada pela busca constante por resultados rápidos e perfeição, intensificada pelas redes sociais. No ambiente acadêmico, estudantes e professores enfrentam alta cobrança por produtividade, com prazos curtos e excesso de tarefas. Professores lidam com desvalorização profissional e sobrecarga de trabalho, enquanto estudantes sofrem com comparações e pressão por desempenho. A exigência por quantidade muitas vezes compromete a qualidade, gerando mais estresse e ansiedade. Fatores pessoais, falta de estrutura e dificuldades financeiras agravam ainda mais a saúde mental. A convivência em ambientes complexos e o impacto das tecnologias contribuem para o aumento de transtornos como depressão e estresse”, disse.

Marcela ressalta a importância de combater o preconceito e o tabu que ainda existem em torno da saúde mental. O entendimento é que combater o preconceito e o tabu sobre saúde mental começa com a ampliação do diálogo e da conscientização. “É importante pensar também em saúde emocional, que inclui os vínculos sociais e contextos de vida do indivíduo”, destaca.

A especialista acrescenta que o adoecimento emocional não é apenas interno, mas atravessado por fatores como família, trabalho, religião e ambiente acadêmico. “A produção acadêmica muitas vezes inviabiliza o sofrimento, focando apenas no desempenho. Questões sociais, raciais e econômicas também influenciam diretamente a saúde mental. Ampliar essa discussão é reconhecer que o cuidado precisa ser coletivo, ético e contextualizado”, conclui.