05 de setembro, de 2025 | 08:45
Ipatinga terá campanha de conscientização contra esmola
Bruna Lage
Moradores em situação de rua são vistos diariamente em Ipatinga, principalmente na área central
Por Bruna Lage - Repórter Diário do Aço 
Uma campanha contra a doação de esmola será desenvolvida em Ipatinga em breve. O objetivo é buscar formas de lidar com a população em situação de rua, que tradicionalmente pode ser vista nas ruas e sob viadutos da cidade. A mobilização surgiu em reuniões dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública (Consep) de Ipatinga. Brasil afora, o que se defende é que os moradores não deem dinheiro, o que pode estimular a presença dessas pessoas na mendicância e que permaneçam nessa condição indefinidamente.
Maria Júlia Bomfim Pereira, presidente do Consep 7, que abrange os bairros Iguaçu e Cidade Nobre, salienta que a partir de uma reunião e com o apoio da Associação dos Moradores do Bairro Cidade Nobre, buscaram apoio dos setores da administração municipal de Ipatinga e da sociedade civil (Conseps, Associação de Moradores, representantes do Conselho da Saúde, representantes dos comerciantes de Ipatinga e outras entidades da sociedade civil que queiram participar).
A campanha ainda não tem data definida, mas o objetivo está traçado, segundo Genito Peres, presidente do Consep setor 8, que abrange Esperança, Bom Jardim, Ideal e Ferroviários. É uma campanha que já foi feita em Ipatinga em outro um tempo, anos atrás, e que agora tem uma outra abrangência, que é realmente buscar formas de lidar com os moradores em condição de rua. Com essa campanha, nossa intenção agora é trabalhar para que seja instalado o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CapsAD), é uma promessa que já está em vias de ser realizada, para tratamento de álcool e droga e que vai definir quem é o morador de rua, quem é o usuário de droga que tem condição de fazer um tratamento comum e quem é aquele que precisa de um tratamento mais específico. Que seja um tratamento com psiquiatra, psicólogo, para entender aquela demanda daquela pessoa em condição de rua”, adianta.
Chegam e não querem ir embora
Por sua vez, Maria Júlia explica que em Ipatinga muitas pessoas vivem em situação de rua e algumas realmente moram nas ruas. Há também usuários de substâncias químicas, que têm residência, mas estão na rua para fazer uso dessas substâncias. A presidente acrescenta que Ipatinga tem o Centro POP, que recebe essas pessoas para atendimento, cadastro, busca de novos documentos, palestras e oferece local para que tomem banho e lavem suas roupas, entre outras ações em apoio a esta população.
Tem o consultório na rua, para atendimento médico e encaminhamentos necessários ao atendimento da saúde; tem a abordagem social, que conversam sobre as políticas públicas e o que é oferecido pelo município. Alguns já conseguiram sair das ruas, com empregos e ajuda social para moradia, inclusive”, pontua.
Maria Júlia lembra que Ipatinga é conhecida no Brasil por ser uma cidade acolhedora, se estão com fome eles ganham comida, ganham roupas e recebem esmola. Uma pessoa em situação de rua disse: eu peço R$ 0,10 e eles dão R$ 0,25. Então querem vir para Ipatinga, pois é uma cidade acolhedora e tem políticas públicas para atendê-los. Muitos chegam em nossa cidade e depois não querem ir embora, mesmo o município oferecendo passagem para outras cidades”, revela.
Uso do dinheiro
Sobre a esmola, Maria Júlia observa que é um dos meios de sobrevivência na rua, o dinheiro é usado para comprar substâncias químicas para consumo. Alguns chegam até a enfrentar as pessoas quando dizem que não têm dinheiro para dar, como já aconteceu comigo no Iguaçu. Estava atravessando a rua, ele me pediu dinheiro, falei que não tinha, veio para cima de min, avancei rapidamente e entrei numa farmácia perto”, recorda.
No mês de agosto, o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), vinculado à Secretaria Municipal de Assistência Social de Ipatinga, promoveu um Fórum sobre a Pessoa em Situação de Rua.
Já existe em Ipatinga um trabalho contínuo e estruturado de atendimento à população em situação de rua, que muitas vezes a sociedade nem conhece [...] Nosso objetivo é criar condições para que essas pessoas que hoje estão nas ruas tenham a oportunidade de mudar de realidade”, destacou o secretário municipal de Assistência Social, Flávio Miranda, na ocasião.
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Atenta
05 de setembro, 2025 | 11:26?ê trabalho, não dê esmolas. Mas quem quer trabalhar de fato hoje? Esmolar ganha muito mais. Ali no Semáforo do Caçula em frente à Estação do Chopp, há anos tem umas crianças vendendo paçoca e balas. Vão falar aqui que estão trabalhando,que são imigrantes da Venezuela, mas no fim são crianças. Deveriam ter a dignidade de estar estudando. É triste. Sem falar nos assediadores delas,pois,já são mocinhas .”
Renato
05 de setembro, 2025 | 11:06Proposta para a situação, envolvendo estado e município.
Princípios que orientam
Moradia primeiro (Housing First): oferecer moradia estável e imediata, com apoio contínuo ? sem exigir ?estar curado? para entrar.
Redução de danos: cuidar de quem usa drogas, diminuindo riscos (overdose, infecções) e criando pontes para tratamento, quando a pessoa quiser.
Intersetorialidade e continuidade do cuidado: um caso, um plano, vários serviços coordenados.
Baixa exigência e dignidade: acesso sem barreiras (documentos, sobriedade, horário rígido).
Gestão por dados e metas: decidir com base em cadastros nominais, metas públicas e avaliação.
Eixos e ações concretas
1) Prevenção e ?saída rápida? para quem está virando rua
Antievicção e mediação de conflitos (Defesa Civil, Defensoria, CRAS).
Auxílio-aluguel/locação social por 3?12 meses para famílias em risco.
Reserva habitacional em programas de moradia popular para egressos de rua.
2) Habitação & acolhimento qualificado
Housing First / Moradia assistida dispersa: aluguel em imóveis do mercado com equipe móvel (assistente social, psicólogo, técnico de pares).
Repúblicas e unidades com gestão social para perfis com maior suporte.
Acolhimento de baixa exigência (24h) com vagas para casais, pets, pessoas trans, guarda de pertences e chuveiros ? porta de entrada para a moradia.
?Rapid Rehousing?: quem topa moradia imediata recebe chaves em dias/semanas + case management.
3) Saúde mental e cuidado para quem usa drogas
Consultório na Rua e CAPS AD como eixos do cuidado.
Redução de danos: insumos (p. ex., kits de cuidado), distribuição de naloxona e treinamento para reversão de overdose, testagem e vacinação (HIV, hepatites).
Tratamento por demanda espontânea e sem coerção, com opções ambulatoriais, leitos de observação/crise e comunidades terapêuticas com critérios de qualidade e direitos.
Pares (agentes com experiência vivida) na equipe, aumentando adesão.
4) Assistência social e documentação
Abordagem social especializada contínua (rua por rua, turno por turno).
Centro Pop com banho, guarda-volumes, lavanderia, lavanderia social, refeições e mutirão de documentos (RG, CPF, CadÚnico).
Benefícios eventuais (alimentação, transporte) vinculados ao plano de saída.
5) Renda, trabalho e inclusão produtiva
Frentes de trabalho e varrição/reciclagem com jornada reduzida e acompanhamento psicossocial.
Parcerias com empresas (cotas sociais, contrato apoiado).
Economia solidária/cooperativas; qualificação profissional ?mão na massa?.
Acesso a benefícios de renda quando elegível.
6) Justiça, ordenamento do espaço e direitos
Protocolo conjunto com Guarda Municipal, MP, Defensoria e Assistência: nenhuma remoção sem oferta concreta (abrigo/moradia) e guarda de bens.
Desvio para cuidado (em vez de prisão) em delitos de baixo potencial, com acompanhamento.
Nada de ?varrer a rua?: isso só desloca e piora indicadores.
7) Portas de entrada e transições críticas
Alta hospitalar, saída de abrigos, prisões e acolhimento institucional com ?no discharge to homelessness?: a alta já sai com endereço e equipe de referência.
8) Governança, financiamento e dados
Comitê gestor intersetorial (Habitação, Saúde, Assistência, Trabalho, Segurança, Direitos Humanos) com reuniões quinzenais.
Gestor de caso único por pessoa/família + cadastro nominal (georreferenciado) e lista única de encaminhamento (?coordinated entry?).
Contratos por desempenho com OSCs; metas e pagamento atrelados a resultados (p. ex., retenção em moradia por 12 meses).
Fontes de recurso: fundos municipal/estadual, cofinanciamento federal (SUAS/SUS/Habitação), emendas, parcerias e alienação de imóveis ociosos.
Plano de implementação (exemplo enxuto)
Primeiros 100 dias
1. Censo/cadastro nominal da população em situação de rua por território.
2. Criar Sala de Situação e Comitê Intersetorial com metas.
3. Lançar equipe de Abordagem 24/7 + Consultório na Rua reforçado.
4. Abrir acolhimento 24h de baixa exigência com ênfase em higiene, guarda-volumes e casais/pets.
5. Contratar 100?300 vagas de moradia assistida/locação social (escala conforme cidade).
6. Iniciar auxílio-aluguel para famílias em risco.
7. Implantar fluxo de alta protegida (hospitais, CAPS, sistema prisional).
Em 12 meses
Escalar Housing First (meta: 70?85% de retenção em 12 meses).
Implantar lista única de encaminhamentos e painel público de indicadores.
Rodar projetos de trabalho protegido e parcerias com empresas locais.
Regulamentar decreto municipal da política de população em situação de rua e contratar serviços por desempenho.
Indicadores que importam (publique mensalmente)
Total de pessoas em situação de rua (e por perfil: famílias, mulheres, jovens, 60+).
Tempo médio na rua até a oferta de moradia.
Retenção em moradia (6 e 12 meses).
Overdoses e reversões, internações evitáveis e óbitos.
Acesso a documentos e benefícios.
Encaminhamentos para trabalho/emprego.
Percepção de segurança e limpeza (pesquisa em áreas prioritárias).
O que evitar (porque não funciona)
Internação/abstinência forçada em massa: viola direitos e tem recidiva alta.
Abrigos de alta exigência (sobriedade obrigatória, horários rígidos) como única porta.
Ações de ?higienização? sem oferta habitacional/psicossocial.
Fragmentação (cada secretaria ?faz a sua parte? sem plano único).
Estrutura mínima de serviços (Brasil)
SUS: Consultório na Rua, UBS, CAPSad/24h, UPA, leitos de crise; naloxona disponível.
SUAS: Abordagem Social, Centro Pop, CRAS/CREAS, benefícios eventuais e CadÚnico.
Habitação: Locação social, aquisição/retrofit de imóveis ociosos, cota em programas habitacionais.
Justiça/DH: protocolos de abordagem, garantia de direitos e mediação de conflitos.
Fluxo do cidadão (resumo)
Abordagem ? Cadastro nominal ? Acolhimento de baixa exigência (se necessário) ou Moradia direta (Housing First) ? Plano individual com gestor de caso ? Saúde/Redução de Danos/Trabalho/Documentos ? Retenção e autonomia.
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Verdade
05 de setembro, 2025 | 09:57Só dependendo fo prefeitaço fazer políticas públicas em pro de acolher e resocializacao.”