
22 de outubro, de 2025 | 07:00
Educação transformadora e emancipação social: quando a escola ensina a pensar
Adriana Ramalho *
A educação é, antes de tudo, um ato político. Não de partidos, mas de propósito: o de formar cidadãos capazes de compreender o mundo, questionar injustiças e propor caminhos de mudança. Em um país que ainda convive com desigualdades históricas, falar de educação transformadora é falar de emancipação social - e de como a escola pode ser o ponto de virada entre o destino imposto e o destino escolhido.
O Ideb de 2023 mostra que o Brasil alcançou nota 6 nos anos iniciais do ensino fundamental um avanço modesto, mas ainda distante do necessário. Já o Saeb revela que o desafio não está apenas em ampliar o tempo de aula, mas em resignificar o aprendizado: promover o pensamento crítico, a autonomia intelectual e a consciência cidadã.
Educar para transformar é muito mais do que ensinar conteúdos. É despertar a capacidade de análise, de empatia e de ação. Uma escola transformadora é aquela em que o aluno entende que pensar é um ato de liberdade, e que sua voz tem poder para mudar realidades. É também o espaço onde o professor é reconhecido como agente central de mudança - e não como alguém que apenas reproduz o que vem do alto.
Uma educação transformadora é aquela que transcende a transmissão de conteúdo e ensina a duvidar, argumentar, propor. É nesse ponto que a escola se converte em espaço de cidadania: quando o estudante percebe que sua voz tem poder, e que pensar é um ato de liberdade. Como dizia Paulo Freire, educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”.
Um país que educa para pensar constrói cidadãos livres - e cidadãos livres constroem democracias fortes”
Como vereadora em São Paulo, atuei em comissões ligadas à infância, à juventude e à proteção social. Defendi políticas que tornassem a escola um núcleo de convivência e cidadania, e não apenas um lugar de passagem. A experiência me ensinou que a verdadeira transformação social nasce do encontro entre educação, cultura e comunidade.
Programas como o Escola em Tempo Integral, lançados para ampliar a permanência e o protagonismo estudantil, são um passo importante. Mas precisamos ir além: valorizar a carreira docente, ampliar o financiamento público e aproximar as políticas educacionais da vida real das pessoas.
A escola deve ser o primeiro terreno de prática democrática. Não basta transmitir conhecimento: é preciso ensinar a pensar, questionar e agir. Só assim transformaremos vulnerabilidade em possibilidades reais de cidadania.”
A educação é o único caminho permanente de emancipação. Um país que educa para pensar constrói cidadãos livres - e cidadãos livres constroem democracias fortes. A transformação que o Brasil precisa começa, silenciosamente, dentro de uma sala de aula.
* É ex-vereadora da cidade de São Paulo, ativista social e defensora de políticas públicas voltadas à mulher e a educação, inclusão e proteção da infância.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
Gildázio Garcia Vitor
22 de outubro, 2025 | 08:31Artigo excelente! Parabéns! O problema são os nossos professores. conservadores da turma do "Deus, Pátria e Família".”