26 de outubro, de 2025 | 08:40

Casos de adulteração de bebidas prejudicam vendas em bares e restaurantes

Por Bruna Lage - Repórter Diario do Aço

Um levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), aponta que setembro foi difícil para o setor, marcado pela alta da inflação e pelos efeitos da crise do metanol, que impactaram especialmente a última semana do mês. O resultado foi uma queda no número de empresas com lucro, que passou de 43% em agosto para 33% em setembro. Além disso, o total de negócios em prejuízo passou de 16% para 27%. Os números corroboram com os resultados do Índice, que indicou uma queda de -4,9 no volume de vendas no mês passado.

“Setembro foi atípico, com fatores externos que afetaram o desempenho, mas, ainda assim, o otimismo permanece. Acreditamos que os próximos meses serão muito movimentados pelas confraternizações e pelo turismo, fatores que tradicionalmente fortalecem o desempenho do setor nesta época do ano”, afirma Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel.

Vale do Aço
O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Vale do Aço (Sindhorb), Benedito Pacífico, destaca que a contaminação das bebidas alcoólicas tem causado grandes danos à saúde pública, às pessoas, que correm riscos quando consomem bebidas adulterada. E apesar dessa incidência ser maior em outros estados, como São Paulo, todo o setor é impactado.

“No Vale do Aço não tivemos nenhum caso ainda. Mas o setor de bares e restaurantes, lanchonetes, o setor que comercializa bebida alcoólica na região, sentiu, foi afetado. Tivemos sim queda nas vendas, ainda não é possível estimar quanto, mas é perceptível o efeito dessa onda de contaminação”, relata.

Cerveja
Benedito esclarece que o fato de a cerveja não ser alvo dos adulteradores é um ponto de alivio nas vendas. “Por ser uma bebida com menor teor alcoólico e mais barata do que os destilados, não foi afetada. O Vale do Aço é um mercado muito bom para o consumo de cerveja, por causa do calor. E a cerveja é considerada uma bebida refrescante. Algumas pessoas não bebem, preferem o destilado, algo mais forte, as bebidas do momento são os drinks. Mas hoje muita gente está largando o drink e passando para a cerveja ou fugindo do álcool e tomando água mineral com gás, misturas não alcoólicas”, acrescenta.

Os casos de intoxicação por metanol investigados no país aconteceram após a ingestão de bebidas alcoólicas destiladas, como vodka, gin e uísque. Bebidas que passam por processo de destilação costumam ter maior valor agregado, gerando maior lucro na falsificação.

Orientação
O dirigente reforça a necessidade de cuidado num cenário com esse. “Nós do sindicato de hotéis, bares e restaurantes recomendamos ao nosso associado que procure comprar bebidas de fornecedores confiáveis, conferir a procedência, comprar com nota fiscal, bebidas seladas, lacradas. Existe o selo do Ministério da Agricultura que vai na tampa dos litros de destilado. Que procurem agir dessa forma, procurando bebidas com autenticidade de procedência, para evitar esse tipo de problema e que um cliente seu seja contaminado por bebida adulterada”, conclui Benedito Pacífico.

Casos
O número de notificações de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas atualizado pelo Ministério da Saúde, na sexta-feira (24), indica, ao todo, 58 casos confirmados e 50 em investigação. Já foram descartadas 635 notificações.

O registro de mortes chegou a 15, sendo nove em São Paulo, seis no Paraná e seis em Pernambuco. Mais nove óbitos seguem em investigação: quatro em Pernambuco, dois no Paraná, um em Minas Gerais, um em Mato Grosso do Sul e um em São Paulo. Foram descartadas 32 notificações de óbitos que estavam sob investigação.

Os principais sinais de intoxicação por metanol são visão turva, desconforto gástrico e quadros de gastrite. No caso do aparecimento desses sinais, é necessário procurar a unidade de atendimento mais próxima de casa. A intoxicação por metanol pode causar cegueira irreversível e óbito.