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29 de outubro, de 2025 | 08:45

Professores brasileiros demostram insatisfação com salários, aponta pesquisa

Levantamento internacional da OCDE revela que, apesar do desafio do salário, a maioria dos docentes no país voltaria a escolher o magistério

SEE/Divulgação
A insatisfação com a remuneração é generalizada por parte dos educadoresA insatisfação com a remuneração é generalizada por parte dos educadores

Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço

A Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis 2024), coordenada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aponta que os professores brasileiros estão entre os mais satisfeitos com a profissão e com o ambiente escolar, embora a remuneração ainda seja o principal motivo de insatisfação na carreira.

Segundo os dados do estudo, analisados pelo Observatório das Metropolizações e enviado com exclusividade ao Diário do Aço, mais de 90% dos docentes brasileiros dos anos iniciais e finais do ensino fundamental afirmam gostar de trabalhar nas escolas onde atuam. O percentual é superior ao registrado entre os professores dos países da OCDE. Além disso, cerca de nove em cada dez recomendariam suas escolas como local de trabalho para outros colegas. Por outro lado, apenas 22% a 25% dos profissionais da educação no Brasil dizem estar satisfeitos com o salário que recebem, bem abaixo da média internacional, que varia entre 33% e 39%.

Ainda de acordo com o recorte feito pelo Observatório, mais de 70% dos professores brasileiros afirmam que voltariam a escolher a profissão caso pudessem decidir novamente, o que evidencia o sentimento de propósito associado ao magistério. No entanto, a remuneração aparece como o principal fator de descontentamento, mesmo entre aqueles que atuam em redes com salários mais elevados.

“A Talis é a principal pesquisa sobre ambiente escolar e líderes escolares do planeta. Ela é diferenciada porque capta variáveis subjetivas, ou seja, informações que só podem ser obtidas ao ouvir os professores”, explica o geógrafo William Passos, coordenador estatístico do Observatório das Metropolizações.

“Enquanto outras bases de dados trazem a visão das administrações públicas, a Talis apresenta a percepção de quem está dentro da sala de aula", complementa.
Arquivo DA
William Passos acredita que os dados da pesquisa podem ser melhor aproveitados para produção de políticas públicasWilliam Passos acredita que os dados da pesquisa podem ser melhor aproveitados para produção de políticas públicas


William também destaca que o senso de propósito é o principal motivo que explica o alto índice de satisfação com o trabalho. “Os professores enxergam que o que fazem impacta a vida de outras pessoas. Eles sentem que estão contribuindo para transformar realidades”, afirma.

Por outro lado, a insatisfação com a remuneração é generalizada, mesmo entre redes de ensino que pagam acima da média. “Salário é uma variável fundamental para a motivação. O Plano Nacional de Educação prevê a valorização salarial como um dos caminhos para estimular os profissionais da educação”, pontua o pesquisador.

Dados e formulação de políticas
O coordenador do Observatório também chama atenção para o baixo aproveitamento das informações produzidas pela Talis e demais pesquisas direcionadas à educação brasileira. “Essas pesquisas geram dados valiosos para orientar políticas públicas, mas infelizmente não são exploradas. Falta cultura de políticas baseadas em evidências, tanto em cidades maiores quanto nas menores”, analisa.

Perfil docente
Para contextualizar o cenário regional, o Observatório reuniu dados do Censo Escolar 2024, que apontam a existência de 5.144 docentes atuando na educação básica dos quatro municípios do Vale do Aço. Ipatinga concentra o maior número, com 2.740 professores, seguida por Coronel Fabriciano (1.116), Timóteo (931) e Santana do Paraíso (357).

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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

29 de outubro, 2025 | 10:30

“Interessante! Gostei da fala do Mestre (ou Doutor?) William: "Os Professores enxergam que o que fazem impactam a vida de outras pessoas". isso é verdade para todos nós, até para um medíocre como eu e as minhas quatro décadas e pouco dedicadas ao Magistério, todas em salas de aulas. Obrigado, Mestre William!
Para quem, como eu, começou no início da década de 1980, quando não podíamos ter nem um Sindicato, para nos representar, o salário, que atrasava, era miserável,; e, em MG, não tínhamos direito ao 13° salário, nem os efetivos. Graças às nossas lutas, inclusive minhas, pois quando fui jovem, isso já faz tempos, era um Comunista praticante, conquistámos alguns direitos e algumas melhorias salariais, mas ainda é muito pouco para ter uma vida digna, a não ser que faça comi eu, que sempre encarei três turnos (Mat., Vesp. e Noturno da noite*) e cheguei a trabalhar ai mesmo tempo em cinco Escolas, sendo três reculares e dois cursinhos preparatórios para vestibulares e concursos.
"Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena", e continua valendo**, apesar das dores da e na "alma", uma tal de depressão, amiga diuturna desde 2010.

*Aprendi com uma colega na E. E. Laura Xavier Santana.
**Alguém comentou, aqui neste Portal Diário do Aço, que tem pena de quem estudou comigo. Concordo com ele.”

Rodrigo 27

29 de outubro, 2025 | 10:15

“A questão da vergonhosa situação quanto ao reconhecimento dos docentes e demais funcionários das escolas deste país é um prato cheio para a politicagem, nos níveis (municipal, estadual, federal) .”

Problema Maior

29 de outubro, 2025 | 09:59

“Um problema maior ainda que baixos salários, é ter que conviver no dia a dia com todo tipo de humilhação e agressão, seja física ou comentários desrespeitosos. Lamentável aquele episódio de São Paulo, onde o professor apanhou e ainda sofreu nas redes sociais como se ele estivesse totalmente errado.”

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