03 de novembro, de 2025 | 17:05
Andrelândia, no Sul de Minas, ''vira chave'' e se estrutura para fortalecer turismo e atrair visitantes
Marcada pela história dos bandeirantes, a cidade na Serra da Mantiqueira investe em qualificação e infraestrutura para ampliar o potencial turístico
Bruno Figueiredo/Secult-MG 
O Pôr do sol no Cristo Redentor de Andrelândia é um dos pontos altos da cidade
O Pôr do sol no Cristo Redentor de Andrelândia é um dos pontos altos da cidadePor Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço
Entre as grandes serras da Mantiqueira Mineira, no Sul do estado, está localizada uma cidade histórica, ainda pouco conhecida, mas que gradativamente tem se estruturado de forma contínua para ser um dos grandes pontos turísticos da região. O município de Andrelândia, com uma população estimada em 12.166 habitantes pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), tem buscado estruturar serviços, fazer campanhas e participar de circuitos para promover, sobretudo, o turismo de experiência.
Quem passa pelas curvas da BR-383 e chega ao município andrelandense logo se depara com um rico patrimônio histórico e natural. Situada entre as rotas do antigo Caminho Velho e Caminho Novo da Estrada Real, e pertencente ao Caminho do Comércio, a cidade vem se preparando para se consolidar como um dos principais destinos turísticos da Serra da Mantiqueira e aposta na valorização de suas tradições, na qualificação de serviços e na melhoria da infraestrutura local para atrair cada vez mais visitantes.
O Diário do Aço esteve no município entre os dias 25 e 28 de outubro para conhecer de perto os atrativos do município, que integra o roteiro da Press Trip Cidades Históricas da Serra da Mantiqueira, promovida pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult-MG) em parceria com a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), que reuniu jornalistas e influenciadores de várias regiões do país. Essa reportagem abre uma nova série especial, que irá abordar o potencial cultural, gastronômico e natural de dois destinos mineiros: Andrelândia e Bom Jardim de Minas.
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A barroca Igreja Nossa Senhora do Porto da Eterna Salvação ajuda a manter o caráter histórico do Centro da cidade
A barroca Igreja Nossa Senhora do Porto da Eterna Salvação ajuda a manter o caráter histórico do Centro da cidadeMudança na visão sobre o turismo
Há cerca de 511 e 294 quilômetros do Vale do Aço e de Belo Horizonte, respectivamente, Andrelândia oferece um equilíbrio entre a tranquilidade do campo e a beleza da cidade. A aproximadamente mil metros acima do nível do mar, o município tem um clima ameno e aconchegante em praticamente todo o ano, e a temperatura no inverno pode chegar a 10ºC, sobretudo, nas áreas rurais.
No entanto, o turismo nem sempre foi visto como oportunidade de geração de renda e emprego, tanto pelas administrações passadas quanto pela população em geral. O IBGE mostra que o Produto Interno Bruto (PIB) da localidade tem R$ 112.517,31 agregado pelo setor de Serviços e R$ 78.767,82 pela Agropecuária. O PIB total do município é de R$ 291.936,91, referente ao ano de 2021.
É uma política que nós adotamos há pouco tempo. Estamos assim, despertando para isso faz pouco tempo, mas graças a Deus a administração pública apoiou e agora a gente começou a entrar no mapa turístico do Brasil. A gente não recebia nem o ICMS Turismo”, relatou Fernanda Campos, secretária municipal de Cultura, Turismo, Indústria e Comércio.
A gestora da pasta informou que Andrelândia tem buscado ampliar a oferta de hospedagem, sinalização turística e capacitação de guias e empreendedores. A proposta é integrar o município a circuitos regionais de turismo sustentável, explorando atrativos que vão do turismo histórico e religioso ao turismo rural e de experiência.
Estamos agora fazendo uma parceria, que é o Circuito Montanhas Mágicas, de montar uma rota interligando essas cidades que pertencem ao circuito, e vamos fazer um roteiro para quem quiser ir a cavalo, de bicicleta, para quem quiser fazer com seu Jeep”, informou.
O governo local também está mapeando cachoeiras e promete dar suporte aos proprietários de terras que tenham atrativos no local, bem como pretende montar um panfleto com rotas que incluam experiências e natureza. Nós temos aqui uma comunidade com pessoas quilombolas, e lá elas lavam roupa e ainda carregam as suas trouxas na cabeça, fazem as quitandas no forno de cupim que dá no campo, e assam as suas quitandas, broas, pamonhas. Nós temos cachoeiras lindíssimas, eu descobri há pouco tempo que não é ainda explorada, é um complexo no rio Capivari de sete quedas de cachoeiras que se equipara muito a Carrancas”, continuou a secretária.
Infraestrutura
Fernanda informou ainda ao Diário do Aço que o governo local também trabalha junto aos comerciantes para que eles possam se preparar para receberem visitantes e oferecerem uma experiência de qualidade.
A prefeitura forneceu cursos gratuitamente para hotéis, pousadas, restaurantes, mas nem todos aderem. A gente está ainda nesse processo. Mas tem empreendimentos que participaram desse curso e mudaram o negócio deles. Esse incentivo do município fez a diferença nesses estabelecimentos”, concluiu.
Matheus Valadares
A secretária de turismo de Andrelândia explicou que o município tem se estruturado para receber visitantes
A secretária de turismo de Andrelândia explicou que o município tem se estruturado para receber visitantesUpgrade no negócio
Richelli Martins é proprietário de uma cafeteria e doceria. Ele conta que viu uma janela de oportunidades para oferecer produtos de qualidade, tanto para turistas como para a população local.
A gente quis proporcionar tanto o pessoal daqui quanto o pessoal de fora uma coisa que não tinha, um café diferente, o cappuccino que a gente faz com receitas caseiras, pão caseiro na chapa e uma manteiga da roça. O mel que a gente tem aqui é do sítio do meu pai, a gente que faz o beneficiamento”, resumiu o comerciante ao falar sobre os produtos especiais que encontrados em seu estabelecimento.
O pão de mel e brigadeiro caseiro são os mais procurados pelos clientes. O local oferece queijos e cafés especiais, cachaças e azeites fabricados na região, variados doces e artesanatos.
História de Andrelândia
Bruno Figueiredo/Secult-MG 
A loja Doce com Amor oferece uma mistura de gastronomia e artesanato aos clientes
Andrelândia foi fundada oficialmente em 1864, mas antes de receber o atual nome, também foi conhecida como Arraial de Santo Antônio da Campanha do Turvo, referência ao rio que corta a região; Vila Bela do Turvo; e cidade do Turvo. Passou a ser chamada de Andrelândia apenas em 1930, em homenagem a André da Silveira, considerado como fundador da cidade.
A loja Doce com Amor oferece uma mistura de gastronomia e artesanato aos clientesAndré da Silveira, que era um fazendeiro da época, que morava num local que hoje ainda existe, chamado Fazenda das Bicas, resolve pedir ao bispo da Diocese de Mariana a autorização para construir uma capela. Manoel Caetano da Costa, que era o dono praticamente de todo esse sítio em volta daqui, junto ao André, doaram essa terra e com o dinheiro arrecadado de todos os fazendeiros do povoado que vivia aqui, construíram uma capela tendo um primeiro padre, por volta da metade do século XVIII, para que eles pudessem ter todo esse serviço de fé que eles precisavam, como batismo. E assim que constrói a capela, já começa a construção pelos fazendeiros de casarões, que são quase bicentenários, ao redor da capela. O mais antigo é o casarão da Fazenda das Laranjeiras, que tem a construção datada em mais ou menos da época 1750 e 1760”, resumiu Washington de Paula Roberto, professor municipal e integrante do Conselho Deliberativo Municipal de Patrimônio (Compac) de Andrelândia.
O município tem origem ligada aos antigos caminhos abertos pelos bandeirantes paulistas, que percorriam a Serra da Mantiqueira em busca de ouro e novas rotas para o interior das Minas Gerais.
Com o passar dos anos, Andrelândia se consolidou como ponto de pouso e passagem de tropeiros, desenvolvendo uma economia baseada na agropecuária e no comércio. A herança desse período ainda é visível nas igrejas seculares, casarões coloniais e ruas de calçamento antigo, que compõem o conjunto arquitetônico preservado no centro histórico.
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