14 de novembro, de 2025 | 15:42

Livro e passaporte da Rota Caminho do Comércio será lançado neste sábado no Sul de Minas

Roteiro turístico resgata caminhos históricos dos tropeiros e estimula o turismo de aventura na Serra da Mantiqueira

Reprodução/Prefeitura Bom Jardim de Minas
A administração municipal de Bom Jardim de Minas identificou o trajeto do Caminho do ComércioA administração municipal de Bom Jardim de Minas identificou o trajeto do Caminho do Comércio

Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço

As serras do Sul de Minas voltam a unir história, esporte e natureza. Neste sábado (15) será lançado oficialmente o livro e o passaporte (assim como o da Estrada Real) da Rota Caminho do Comércio. O evento contará com um pedal integrado entre Andrelândia e Bom Jardim de Minas, com um trajeto de aproximadamente 37 Km, passando pela antiga Capela do Espraiado, em Arantina.

A iniciativa busca resgatar os antigos caminhos percorridos pelos tropeiros e comerciantes nos séculos XVIII e XIX, além de incentivar o turismo de aventura, histórico e cultural na região da Serra da Mantiqueira.

O caminho de 280 km liga Minas Gerais ao Rio de Janeiro e abrange as cidades mineiras de São João del-Rei, Madre de Deus de Minas, Andrelândia, Arantina, Bom Jardim de Minas e Rio Preto e as fluminenses Valença, Vassouras, Rio das Flores, Miguel Pereira, Nova Iguaçu e Rio de Janeiro. Além do roteiro ciclístico pelo leito original do caminho, o evento deste sábado conta com apresentações sobre os atrativos turísticos existentes ao longo do trajeto entre o litoral à antiga Vila de São João del-Rei.
Bruno Figueiredo/Secult-MG
Dono de restaurante, que será ponto de carimbo do passaporte, criou um prato em homenagem ao trajeto históricoDono de restaurante, que será ponto de carimbo do passaporte, criou um prato em homenagem ao trajeto histórico


O livro, escrito pelos historiadores Marcos Paulo de Souza Miranda e Rodrigo Magalhães, aborda uma profunda pesquisa sobre a história do Caminho do Comércio, desde os seus primórdios até os dias atuais, com documentos, mapas e ilustrações relacionados a toda a extensão da estrada. Fatos e personagens importantes da história brasileira relacionados ao caminho são descritos na obra, incluindo uma diligência de Tiradentes na região de Rio Preto e a passagem, pelo caminho, do Duque de Caxias, quando entrou em Minas Gerais para combater a Revolta Liberal de 1842.

Prato especial
Hildelson Ribeiro, proprietário do restaurante UAI Sô, de Andrelândia, criou um prato especial em homenagem ao Caminho do Comércio, que leva o nome da rota. O estabelecimento comercial é um dos pontos credenciados para carimbar o passaporte.

“Em homenagem, nós criamos esse prato. Fizemos uma pesquisa de ingredientes, que era um comercializado à época, e montamos com o nosso toque aqui. Ficou muito saboroso esse prato. Uma combinação perfeita de textura e sabor, com doce, com salgado, é bem legal. Tem barbecue de goiabada com cachaça, produzida aqui, creme de couve e purê de mandioca com requeijão de barra”, contou orgulhoso Hildelson m entrevista ao Diário do Aço, durante a Press Trip Cidades Históricas da Serra da Mantiqueira, promovida pelo governo de Minas.

Reprodução/NPA
Ilustração que indica o trajeto das Estradas Reais entre Minas Gerais e Rio de JaneiroIlustração que indica o trajeto das Estradas Reais entre Minas Gerais e Rio de Janeiro

Caminhos do passado, experiências do presente
Segundo os organizadores, o objetivo é transformar a rota em um circuito permanente, capaz de conectar diferentes atrativos culturais, gastronômicos e naturais das cidades participantes.

O caminho, que fez 214 anos de existência nesta sexta-feira (14), foi aberto oficialmente por deliberação, de 14 de novembro de 1811, da “Real Junta do Commercio, Agricultura, Fabricas e Navegação do Estado do Brazil e seus Domínios Ultramarinos”, com o objetivo de facilitar a ligação de Minas Gerais à cidade do Rio de Janeiro e possibilitar, de forma mais rápida e econômica, o abastecimento alimentar da Corte, que havia recebido, há pouco, a Família Real.
As tropas saiam de Minas conduzindo bois, porcos, toucinho, galinhas e queijos, e retornavam do Rio de Janeiro trazendo produtos como sal, azeite, vinho, vinagre, bacalhau, lampiões, ferramentas e vidros.

A rota partia da cidade de São João del-Rei, passando pelos distritos de Rio das Mortes e Cajuru em direção a Madre de Deus de Minas. Depois seguia por Andrelândia, Arantina (Espraiado), Bom Jardim de Minas (passando por Taboão), Rio Preto (região de Funil e Varejas), ingressando no estado do Rio de Janeiro pelo município de Valença (Parapeuna e Pentagna) em direção a Rio das Flores (Comércio), Vassouras (Massambará e São Sebastião dos Ferreiros), Miguel Pereira (Conrado) e Nova Iguaçu (Tinguá e Iguaçu Velho), onde existia um porto fluvial no rio Iguaçu, a partir do qual as mercadorias seguiam embarcadas até a Baía da Guanabara, chegando, enfim, ao Rio de Janeiro.

Reconhecimento oficial
Matheus Valadares
Espaço reservado para os carimbos no passaporte do Caminho do ComércioEspaço reservado para os carimbos no passaporte do Caminho do Comércio

Em 9 de junho de 2025, como consequência do projeto apresentado pelo deputado estadual João Leite (PSDB), foi sancionada pelo governador de Minas Gerais a Lei nº 25.288/25, que “Reconhece como de relevante interesse cultural do Estado o trecho do Caminho do Comércio situado em território mineiro”. Já no último dia 6 de agosto, o deputado federal Pedro Aihara (PRD) apresentou, à Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei nº 3.774/2025, que “Cria a Rota Turística Caminho do Comércio, situada nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, e a reconhece como manifestação da cultura nacional”.
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