20 de novembro, de 2025 | 07:00

Um feriado, um dia de reflexão e um momento de descanso

Carlos Alberto Costa*

Fernando Frazão/Agência Brasil
Cais do Valongo (RJ) é considerado o maior porto receptor de africanos escravizados do mundo e o único vestígio material do tráfico negreiro preservado no continente americanoCais do Valongo (RJ) é considerado o maior porto receptor de africanos escravizados do mundo e o único vestígio material do tráfico negreiro preservado no continente americano

Comemora-se neste 20 de novembro o Dia da Consciência Negra. A data visa homenagear a luta e a resistência do povo negro contra a escravidão, para combater o racismo e para valorizar a cultura afro-brasileira. Essa data foi escolhida em referência à morte de Zumbi dos Palmares, um símbolo nacional da resistência negra, ocorrida em 1695.

É também um dia de reflexão acerca da dívida histórica do país com os negros trazidos da África pelos brancos, durante mais de três séculos. Importante lembrarmos que, após a abolição em 13 de maio de 1888, muitos libertos foram abandonados sem apoio do governo e enfrentaram marginalização, pobreza e falta de acesso à educação e trabalho. A maioria permaneceu em condições precárias, migrou para cidades, foi empurrada para bolsões de pobreza - hoje conhecidos como favelas - ou outras fazendas em busca de melhores oportunidades, enquanto muitos foram forçados a continuar em relações de trabalho análogas à escravidão.

A estimativa do número total de pessoas escravizadas traficadas para o Brasil durante o período do tráfico transatlântico varia, mas fontes históricas apontam para um número entre 4 e 5 milhões de africanos desembarcados à força. O Brasil foi o destino de aproximadamente 38% de todos os africanos escravizados trazidos para as Américas, o maior volume em comparação com qualquer outro local. Os dados constam no livro “Escravidão”, de Laurentino Gomes. Essa publicação traz uma referência histórica também ao Cais do Valongo no Rio de Janeiro, como o maior porto receptor de africanos escravizados do mundo e o único vestígio material do tráfico negreiro preservado no continente americano.

A data celebra a luta histórica do povo negro contra a opressão e a escravidão, representada pela figura de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares. O Dia da Consciência Negra é uma oportunidade para a sociedade refletir sobre as consequências do racismo estrutural e para reforçar a necessidade de sua erradicação no dia a dia.

O 20 de novembro também serve para destacar a importância da influência e da presença da cultura africana na formação da identidade brasileira. O dia incentiva a conscientização sobre a desigualdade social e a exclusão que atingem a população negra, promovendo a busca por igualdade de oportunidades.

Essa data foi oficializada como feriado nacional pela Lei nº 12.519/2011, que a transformou no Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, e se tornou feriado em todo o país a partir de 2024.

Por fim, no começo da semana escutava uma economista que faz comentários matinais em uma empresa de comunicação vociferar contra os feriados. Embora ela reconheça que há setores da economia que lucram com os cerca de dez feriados entre datas nacionais, estaduais e municipais, os que “perdem produção” por causa dos dias de folga são mais importantes. Importantes para quem, cara-pálida? A essa ilustre senhora branca, de classe média alta, só resta lembrar que um feriado é uma oportunidade para um trabalhador ficar em casa com a família, com os pais, com os amigos. Essa ganância de produtividade o tempo todo interessa a quem, além dos donos do capital? Que venham os feriados e que cada um tenha liberdade para fazer da sua folga o que lhe dá prazer, enquanto está vivo. Tenho dito.

* Professor aposentado.

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