26 de novembro, de 2025 | 07:30

Se você pode fazer hoje, por que esperar a revolução?

Vinícius Siman *


Eu sou católico. Católico Apostólico Romano. E muitas, muitas vezes, alguns grandes amigos vêm questionar-me acerca de minha mudança de opinião: eu, que era comunista - melhor dizendo, na verdade, socialista libertário: “Siman, como você mudou”, ou “como a religião fez um estrago em você”.

Para começo de conversa, eu ingressei na faculdade de Filosofia. O que eu achava entender, descobri que não entendia, mesmo com explicações divergentes, consegui parar e refletir, cometer o famoso delito de filosofar sem amarras. Pensar a origem e o motivo das coisas, e observar tudo em sua integridade, sem paixões pessoais. Depois, apenas dois anos depois, estudando São Tomás de Aquino, tornei-me verdadeiramente católico. Por tal motivo sempre digo que a filosofia, que muitos julgam ateísta, foi o que me aproximou ainda mais de Deus.

Estudando e conhecendo a fé católica, deparei-me com um ponto que me parecia visceral no início da conversão: um católico não pode ser comunista, um católico não pode ser a favor do aborto, etc., etc., etc. E algo me carcomia por dentro, pois eu não podia pensar por mim, e isso me era temeroso. Eu era comunista (socialista libertário), eu era a favor do aborto, eu tive pensamentos muito, muito libertários. Mas foi para a liberdade que Cristo nos libertou (cf. Gl 5, 1). E experienciei uma vivência: não, não viverei mais pelas minhas ideologias particulares. Viverei para apreciar, julgar e criticar as ideias e os motivos filosófico-teológicos pelos quais a Igreja impõe tal doutrina.

Daí então, aprofundando-me na fé católica, descobri que não há, de fato, nada que responda minhas questões pessoais além da Igreja de Cristo.
“A filosofia, que muitos julgam ateísta, foi o que me aproximou ainda mais de Deus”


Mas, regredindo, quando muitos amigos e ex-amigos deparam-se comigo e com minha conversão, acham que foi lavagem cerebral religiosa - duvido que algum deles tenham estudado metade da história da Igreja, ou que tenham estudado um décimo da “Suma Teológica”, ou um milésimo da patrística.

A eles, de maioria comunista, esquerdista, socialista libertária, respondo, monocórdico: se, por algum acaso, minha religião estiver errada e for apenas mais uma ideologia, eu pelo menos vivi em prol de algo que ajude os pobres de verdade, hoje! (Eu te ajudo porque você precisa, e ponto!) E vivo uma integridade moral e ética verdadeira, de alma, no coração. Imagine se eu tivesse perdido minha vida em uma ideologia que promete ajudar os pobres, mas nunca ajuda, que promete igualdade social que nunca se concretiza, que diz que todos serão tratados igualmente, mas só depois da revolução, que prega que os pobres terão comida, mas não hoje, só depois que reconhecerem a luta de classes e lutarem contra o sistema?

Hoje eu percebo, há uma grande boa vontade no mundo, talvez até kantiana, mas nenhuma atitude. Amigo, você que luta pela paz, o que está fazendo pela paz hoje? Você que luta contra a fome, já alimentou alguém hoje? Ou apenas diz que o governo tem que mudar essa situação?

Estou cansado! Não, na verdade, estou exausto de váticos do futuro - você diz: “eu avisei”, depois de tudo ter acontecido, e sem prova nenhuma de ter avisado nada. Fico com a Igreja de dois mil anos que sustenta tudo o que diz.

* Escritor, bacharelando em Filosofia pela UCB, autor de 11 livros, nascido em 1999.

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