27 de novembro, de 2025 | 08:45
Mais de 600 pessoas morreram por hipertensão na RMVA nos últimos quatro anos
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Para evitar o aparecimento da doença é importante manter o peso adequado, fazer atividades físicas e ter vida saudável
Para evitar o aparecimento da doença é importante manter o peso adequado, fazer atividades físicas e ter vida saudávelPor Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço
De 2022 a 2025, as quatro cidades da Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) registraram 616 óbitos por hipertensão. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e foram repassados ao Diário do Aço por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Até agosto, 78 mortes pela doença foram notificadas em 2025. As estatísticas foram extraídas em outubro. Em 2024 e 2023, as notificações foram próximas: 181 e 188 mortes, respectivamente. Em 2022 foram registradas 169 mortes.
Analisando o período de 2018 a 2024, o ano que teve mais óbitos por hipertensão na região foi 2020, com 213. Em relação aos municípios, Ipatinga lidera a série histórica analisada, com 582 mortes de 2018 a agosto de 2025. Na sequência aparece Coronel Fabriciano com 469 óbitos, Timóteo, com 258, e Santana do Paraíso, com 38.
A hipertensão é considerada silenciosa, já que, na maioria das vezes, não apresenta sintomas. Entretanto, está diretamente relacionada a doenças graves, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca, complicações renais, problemas oculares e até impotência sexual.
As doenças cardiovasculares são as principais causas de mortalidade global, superando câncer, acidentes e violência. E a pressão arterial elevada é um dos principais fatores para isso”, afirmou Raimundo Matos, cardiologista que atende na Associação dos Metalúrgicos Aposentados e Pensionistas de Ipatinga (AAPI), em entrevista ao Diário do Aço.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que, em 2019, cerca de 45% dos brasileiros entre 30 e 70 anos eram hipertensos - 42% mulheres e 48% homens. Desse total, 67% estavam diagnosticados, 62% em tratamento, mas apenas 33% tinham a pressão efetivamente controlada.
Internação
Quanto às internações, de janeiro de 2018 a julho de 2025 foram registrados 408 casos, dentre os quais 295 em Ipatinga, 86 em Coronel Fabriciano, 27 em Timóteo, e nenhum em Santana do Paraíso.
Até a metade deste ano, 18 internações foram contabilizadas, com 13 em Ipatinga e 5 em Fabriciano.
A série histórica analisada aponta uma queda contínua do número de hospitalizações pela doença. Em 2021 foram 66 casos; 2022, 56 casos; 2023, 50; e 2024, 40.
Prevenção
Para evitar o aparecimento da doença é importante manter o peso adequado; não abusar do sal; praticar atividade física regular; aproveitar momentos de lazer; não fumar; moderar o consumo de álcool; evitar alimentos ultraprocessados e controlar a glicemia.
A médica cardiologista Jamille Salles explica que quando é identificado precocemente que a pressão está no limite, há uma chance de agir antes que a doença se instale.
Se nessa fase há melhora na alimentação, prática de atividade física regular, controle do estresse, sono de qualidade e redução do estresse, conseguimos evitar a progressão dos níveis pressóricos. O que se traduz em redução de casos de hipertensão, infartos, doença renal crônica e AVCs no futuro”, afirmou a especialista.
Tratamento
O SUS oferece gratuitamente medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde e pelo programa Farmácia Popular. A receita pode ser emitida tanto por um profissional do SUS quanto por um médico que atende em hospitais ou clínicas privadas. Tratamento não farmacológico pode ser feito nas UBSs e outros equipamentos sociais.
Os remédios são indicados em duas situações: quando a pressão já está 140 por 90 mmHg ou mais, ou quando, mesmo estando na faixa de pré-hipertensão, o paciente tem alto ou muito alto risco cardiovascular”, detalhou Jamille.
Mudança nos parâmetros
Conforme já divulgado pelo Diário do Aço, os parâmetros da pressão arterial mudaram no Brasil, e de acordo com a nova Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, valores de 120-139 por 80-89 mmHg, popularmente conhecidos como 12 por 8, passam a ser classificados como pré-hipertensão. A pressão normal agora é inferior a 120/80 mmHg.
Tal recomendação visa identificar precocemente indivíduos em risco e incentivar intervenções não medicamentosas, como atividade física, perda de peso, redução do consumo de álcool, controle do estresse e melhoria da qualidade do sono”, considera Raimundo Matos.
Para Jamille, é fundamental que a adesão às mudanças de estilo de vida seja realista e sustentável, sem orientações inalcançáveis que gerem frustração”.
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