07 de dezembro, de 2025 | 08:50

Seis décadas de Manoel Izídio: memória, inclusão e educação técnica em Ipatinga

Matheus Valadares
Jardim criado na escola tem manutenções e cuidados feitos pelos próprios alunosJardim criado na escola tem manutenções e cuidados feitos pelos próprios alunos

Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço

Neste ano de 2025, a Escola Estadual Manoel Izídio, sediada na avenida João Valentim Pascoal, no Centro de Ipatinga, completa 60 anos e celebra uma trajetória diretamente ligada ao desenvolvimento do município. O decreto que regulamentou a criação da instituição é de 12 de outubro de 1965, no entanto, sua história começou antes disso.

Considerada uma das primeiras escolas oficialmente criadas no Centro, a Escola Manoel Izídio fez parte da formação das primeiras gerações que chegaram à cidade em meio ao intenso fluxo de trabalhadores, empresas e operários que se instalaram na região na década de 1960.

O educandário teve origem no desmembramento da antiga Escola Estadual Júlia Kubitscheck, fundada no início da década de 1950, e foi construído para atender à população que crescia rapidamente à medida que Ipatinga se estruturava como polo industrial. Durante décadas, a instituição foi referência para as famílias que se estabeleciam na cidade, acompanhando o ritmo acelerado de expansão urbana.

“Quando a gente pega o contexto histórico, desde quando a cidade vem sendo construída, desde quando vem chegando moradores aqui no entorno da Usiminas, nós já temos os primeiros registros de escolas que vão sendo formadas para atender aos moradores da região. Uma dessas escolas, a partir de um desmembramento, se torna o grupo escolar Manoel Izídio. É uma escola que faz parte do contexto histórico da cidade, e passa por vários contextos, começando com o ensino fundamental, o ensino médio e agora é uma escola de ensino médio exclusivamente em tempo integral”, detalha Bruno Menezes, diretor da unidade. Assista a entrevista completa no fim da reportagem.
Matheus Valadares
O diretor escolar Bruno Menezes falou da importância histórica da escolaO diretor escolar Bruno Menezes falou da importância histórica da escola


Referência
Hoje, seis décadas depois, a escola mantém sua relevância e se destaca especialmente no atendimento inclusivo. Atualmente, 15 alunos público-alvo da educação especial recebem acompanhamento pedagógico especializado.
“A escola se destaca como referência nesse atendimento. A gente tem a nossa sala de recurso, temos todos os professores aqui qualificados, preparados e que atendem as demandas que são necessárias”, resumiu Danielle Delpenho, professora de apoio.

Para Bruno, a instituição tem alterado o perfil com o passar dos anos, e uma das grandes mudanças foi a implantação do ensino em tempo integral.

“Hoje o aluno permanece três anos na escola, mas ele opta por três cursos distintos que são informática, segurança do trabalho e logística. Ele termina o ensino médio com o diploma de nível técnico e também conseguimos o ensino médio noturno, porque era um problema que a gente passava também, pois o aluno precisava trabalhar e nós não tínhamos o noturno e a gente tinha uma evasão muito grande. Esse ano a gente já observou que ele ingressa no mercado de trabalho, mas só troca de turno, permanece com a gente. E esse ano também fomos contemplados pelo curso técnico em administração, um curso concomitante ou subsequente. As pessoas que estão cursando o segundo ano - não precisa ser nessa escola, pode ser em qualquer escola do município - ela vem e estuda no contraturno. É um curso de duração de um ano e exclusivamente profissional”, destacou o diretor.

Celebração
As comemorações pelos 60 anos tiveram seu ponto alto no dia 28 de novembro, em um evento especial promovido no Parque Ipanema. A atividade reuniu estudantes, professores, ex-alunos, ex-funcionários e membros da comunidade escolar em uma programação cultural que incluiu apresentações musicais, intervenções artísticas e atividades voltadas ao resgate da memória institucional. Durante o encontro, fotografias, documentos históricos e depoimentos de diferentes épocas foram apresentados como parte de um projeto dedicado à preservação da história da escola.
Matheus Valadares
Aelma (à esquerda) e Danielle (à direita) são professoras da escola e atuaram na organização da celebração dos 60 anos da instituiçãoAelma (à esquerda) e Danielle (à direita) são professoras da escola e atuaram na organização da celebração dos 60 anos da instituição


“O trabalho, por ser grandioso, a gente quis fazer no Parque Ipanema, para ter visibilidade maior e também para ter em torno a comunidade de Ipatinga participando. Nós tivemos paródias, músicas, e apresentações, e a gente também lembrou a memória de uma pessoa que foi importante, o senhor Manoel Izídio. Ele era funcionário de um uma empresa e cedeu a casa dele que era uma fazendinha para iniciar a escola”, contou Aelma Martins de Oliveira, professora de História.

De acordo com Danielle Delpenho, durante o ano também foi produzido um documentário, que em breve deve ser divulgado pela escola. “Nós tivemos diversas atividades, fizemos um levantamento da história da escola, inclusive ao decorrer dessa pesquisa, nós tivemos acesso a documentos internos, regimento da escola, e através também de entrevistas com profissionais que passaram aqui na escola, ex-diretores, ex-servidores, ex-alunos a gente conseguiu desenvolver esse trabalho [documentário] maravilhoso”, finalizou.

Quem foi Manoel Izídio
A trajetória da instituição também é marcada por personagens importantes da história local. Entre eles, o próprio Manoel Izídio, funcionário da Belgo-Mineira e morador da rua Pouso Alegre, em um período em que a Vila Ipatinga ainda era composta por casas de sapé, barracos de madeira e iluminação à base de lamparinas. Na década de 1935, com poucas formas de comunicação disponíveis, ele era conhecido como o “repórter da vila”. A região recebia apenas um exemplar de jornal, que era lido por Izídio e depois retransmitido aos moradores, cumprindo um papel essencial na circulação de informações. Em parte de seu terreno funcionariam, anos depois, algumas das primeiras turmas do educandário.

Dona Bizuca e seu laço com a escola

Maria Weber de Oliveira, a Dona Bizuca, também foi uma das figuras mais importantes na construção da Escola Manoel Izídio. Diretora nos primeiros anos da instituição, ela assumiu o desafio de organizar o ensino mesmo sem um prédio próprio. As quatro primeiras turmas funcionavam em espaços improvisados: uma na antiga Fazendinha de Manoel Izídio, onde mais tarde seria instalado o Colégio Assedipa, e três na Estação Velha, hoje Estação Memória.

Diante da falta de estrutura, Dona Bizuca cedeu a própria garagem, sem cobrança de aluguel, para abrigar uma das turmas durante três anos, até a construção do prédio oficial na avenida João Valentim Pascoal. Muito além da atuação educacional, ela também se destacou culturalmente por ser a autora do hino de Ipatinga.

Assista, abaixo, a entrevista completa com Bruno, Aelma e Danielle


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Netinho do Panorama

07 de dezembro, 2025 | 09:19

“PARABÉNS A ESTA ESCOLA ONDE TIVE O PREVILEGIO DE INICIAR MEUS ESTUDOS EM 1965 NA FAZENDA MANOEL IZIDIO,DEPOIS FUI PARA A ESTACAO MEMORIA,ONDE UM FATO MARCOU MINHA VIDA QUANDO MILHARES DE ABELHAS ME ATACOU NA SALA DE AULA,DEPOIS COM A INAUGURACAO DA NOVA ESCOLA FORAM MOMENTOS INESQUECÍVEIS QUE RELEMBRO COM MUITO CARINHO”

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