14 de dezembro, de 2025 | 08:45

Nutricionista alerta para os riscos do uso indevido das ''canetas emagrecedoras''

Por Dani Roque – Estagiária sob supervisão

O Ozempic, Wegovy, Mounjaro, Saxenda, dentre outros medicamentos são canetas criadas para tratar diabetes tipo 2, porém reduzem o apetite, desaceleram o esvaziamento gástrico e aumentam a saciedade. Por isso as canetas ajudam no emagrecimento, o que vem atraindo muitas pessoas. A febre do uso entre artistas e influenciadores tem ganhado força, com vendas em todo o país, mas o que muitos não se atentam é que o risco do uso sem acompanhamento profissional pode causar danos irreversíveis à saúde.

Em entrevista ao Diário do Aço, o nutricionista Winder Sant’Ana de Souza, que atua em Ipatinga, explicou os perigos da utilização desses medicamentos sem acompanhamento profissional. “Quando as pessoas fazem o uso desses medicamentos de forma clandestina, podem estar correndo o risco de utilizar um medicamento falso, trazendo várias consequências à saúde, podendo chegar até ao óbito”, alertou.

O nutricionista também cita que outro risco é o uso inadequado da dose e da indicação. Sem acompanhamento, o paciente pode enfrentar efeitos colaterais, dentre eles, náuseas intensas, vômitos, constipação, refluxo, hipoglicemia, além de perda excessiva de massa magra. “Também há risco de efeitos colaterais mais graves, como pancreatite e problemas gastrointestinais importantes. O uso desse medicamento deve ter uma estratégia por trás, levando em consideração a individualidade biológica”, explicou.

Automedicação
Winder Sant’Ana acrescenta que há pacientes que chegam ao consultório buscando acompanhamento mesmo após o início do uso por conta própria. “Devido à ingestão muito baixa de calorias, os pacientes apresentam carências de vitaminas e minerais, anemia, cansaço, fadiga, queda de cabelo, baixa libido e perda de massa muscular acentuada, levando a um aspecto caquético”, observa.

A caneta não substitui mudança de hábitos, ela é apenas uma ferramenta. O fundamental é entender que emagrecer rápido não significa emagrecer bem. Sem alimentação adequada e treino, não há manutenção de resultado. É preciso avaliar histórico clínico com exames, metabolismo, estilo de vida e comportamento alimentar. O tratamento ideal é sempre personalizado e seguro.

“Creio que há um forte apelo estético, em um país que tem mais de 70% da sua população com sobrepeso, há uma pressão cultural para atingir um padrão de corpo ‘ideal’, como se saúde fosse sinônimo de aparência. Isso gera ansiedade, insegurança e impaciência, empurrando muitas pessoas para atalhos, como as canetas emagrecedoras. Outro ponto importante é que o estilo de vida moderno é acelerado: pouca paciência, muita cobrança e muita ansiedade”, detalha o nutricionista sobre a busca por soluções rápidas para perda de peso.

Uso responsável
Na conclusão, Winder pondera que o uso correto, e com acompanhamento, pode ser eficaz. “A perda de peso surgiu como um efeito adicional observado nos estudos, já que esses medicamentos reduzem o apetite, desaceleram o esvaziamento gástrico e aumentam a saciedade. Depois disso, surgiram versões específicas para emagrecimento (como Saxenda, Wegovy e Mounjaro/Zepbound). Quando usado apenas para fins estéticos, o resultado pode ser satisfatório, desde que o paciente esteja seguindo um plano alimentar coerente, praticando atividade física regularmente e com acompanhamento médico”, conclui.

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