31 de dezembro, de 2025 | 08:26
Região Metropolitana do Vale do Aço completa 27 anos entre legado industrial e desafio da diversificação econômica
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A indústria siderúrgica foi o principal motor dessa integração e do desenvolvimento urbano da região
A indústria siderúrgica foi o principal motor dessa integração e do desenvolvimento urbano da regiãoPor Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço
O Vale do Aço, criado oficialmente em 1998, quando a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou a Lei Complementar nº 51, de autoria do então deputado estadual Ivo José (PT), que reuniu inicialmente Coronel Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo na primeira região metropolitana do interior do estado, celebrou 27 anos nesta terça-feira (30).
A indústria siderúrgica foi o principal motor dessa integração e do desenvolvimento urbano, com a instalação da Usiminas em Ipatinga e de outras grandes companhias, dentre elas a Aperam South America (antiga Acesita) e Cenibra, no município de Belo Oriente. Em 2006 outras 23 cidades, foram agregadas ao Colar Metropolitano, fortalecendo o arranjo territorial e institucional da região.
Desta forma, o Vale do Aço se consolidou como um importante polo produtivo e gerador de empregos, atraindo população, empreendimentos e investimentos que moldaram a economia local.
No entanto, após anos de crescimento impulsionado pela indústria de transformação, o desempenho econômico recente tem apresentado sinais de fragilidade. Para o geógrafo e coordenador estatístico William Passos, do Observatório das Metropolizações, o Vale do Aço tem perdido dinamismo na comparação com outras regiões de Minas Gerais, em grande parte devido à evolução do setor industrial. Segundo ele, desde 2010 os salários industriais na região vêm sendo comprimidos, enquanto vagas são eliminadas, enfraquecendo o setor como gerador de empregos formais. Isso explica porque, hoje, o setor de Serviços é o grande gerador de empregos e o grande impulsionador da economia regional”, observa Passos. O comércio e os segmentos de serviços têm ocupado espaço que antes pertencia quase que exclusivamente à indústria.
Dependência
A forte dependência da siderurgia ainda molda o desempenho econômico, particularmente em Ipatinga, onde a Usiminas continua influenciando diretamente a capacidade de expansão da economia local. O Vale do Aço ainda é muito dependente da Usiminas, o que é uma herança do modelo de cidade-empresa, através do qual Ipatinga e região se organizaram”, continua William. Na prática, aumento de contratação de funcionários pela Usiminas ainda hoje expande a economia do Vale do Aço, enquanto aumento de demissão contrai, o que rebate no faturamento e no emprego do comércio e do setor de serviços”, observa.
Diversificação
Para o estatístico, essa dependência histórica representa um risco se não houver diversificação. Corre risco de perda progressiva de dinamismo econômico. Por isso, a região precisa diversificar sua economia, abrindo ou atraindo empresas de outros setores”, explica Passos, propondo um processo de pós-industrialização”, termo que usa para descrever uma reestruturação produtiva em que a indústria continua presente, mas não é mais o único vetor de desenvolvimento.
William Passos identifica no setor de Serviços o principal impulsionador de vagas com carteira assinada no médio prazo, complementado pela construção civil, que se beneficia do crescimento urbano e da demanda por infraestrutura. O setor de Serviços no caso do Vale do Aço é o grande motor da geração de vagas com carteira assinada, exatamente por ser o segmento mais intensivo em contratações”, detalha.
Entraves
Apesar da importância dos serviços, ele também aponta entraves estruturais que prejudicam a competitividade regional, como a falta de integração física entre os municípios da RMVA e do Colar Metropolitano. Para ele, obras e políticas públicas voltadas à pavimentação urbana, saneamento, cobertura de água e esgoto, eletricidade, internet de banda larga e melhorias no transporte coletivo e intermunicipal são fundamentais. A BR-381, o aeroporto regional e os terminais rodoviários figuram entre as intervenções que poderiam ampliar a capacidade de atração de investimentos.
O Vale do Aço precisa de uma BR-381 duplicada e segura, no mínimo, até Belo Horizonte. E de voos regulares no seu aeroporto regional, o que significa, no mínimo, conexões com BH”, defende Passos.
Por fim, o geógrafo reforça a necessidade de um planejamento regional e integrado, sem rivalidades entre os municípios, que promova uma visão de médio e longo prazo para o desenvolvimento econômico e social do Vale do Aço.
Já publicado:
[link https://www.diariodoaco.com.br/noticia/0130263-economia-real-cresce-em-coronel-fabriciano-e-encolhe-em-ipatinga-aponta-estudo| -Economia real cresce em Coronel Fabriciano e encolhe em Ipatinga, aponta estudo
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Antonio Nahas
31 de dezembro, 2025 | 09:31Grande artigo. Grande lembrança. Lembrando que recentemente foi aprovado o Plano Diretor Metropolitano na ALMG. Resta saber se será transformado em realidade. A Agencia metropolitana será responsavel pela sua execução.”