20 de fevereiro, de 2022 | 11:00

Reencontro com a Ética

Márcio Coimbra *

O povo brasileiro tem sido vítima dos delinquentes da política há tempos. Não é de hoje que crimes como peculato, termo jurídico que define a prática de rachadinha, são cometidos com naturalidade e desenvoltura nos corredores de Brasília. O advento da Lava Jato tornou-se um marco para o brasileiro comum, que viu, pela primeira vez, os poderosos e até então intocáveis donos do poder, serem condenados e encarcerados por desviar dinheiro público. O sistema, contudo, preparava seu contra-ataque.

Em pouco tempo a Lava Jato foi extinta, corruptos foram soltos e o centrão voltou ao núcleo do poder, comandando estatais, indicando dirigentes e controlando a máquina pública. A reação foi além, com leis sendo revistas, penas abrandadas ou extintas, e os sistemas de controle sendo enfraquecidos. Aquele que havia sido eleito para combater o mecanismo, acabou mostrando-se seu mais ardoroso defensor. Mais um caso típico de estelionato eleitoral.

Diante dos graves desacertos na economia e uma pandemia que ainda não forneceu qualquer trégua para nossa população, tudo leva a crer que o brasileiro se esqueceu que o combate à corrupção havia se tornado uma bandeira inegociável levantada por nosso povo. Com problemas como a fome, desemprego e um vírus que não escolhe vítimas, tudo leva a crer que a gravidade das dificuldades que enfrentamos mudaram as preocupações de patamar para complicações mais urgentes.

Infelizmente isto é um grave equívoco, pois a contaminação do sistema pela corrupção é a principal causa de nossas mazelas, geradoras de desemprego, inflação, fome, violência e inclusive mortes durante esta pandemia. Para consertarmos os problemas do país, precisamos resgatar a ética como elemento essencial das relações políticas com a certeza que as leis estejam sendo aplicadas e os órgãos de controle em funcionamento.

“Por várias vezes defendi
que a polarização que vivemos
é geradora de um sistema
perverso que retroalimenta
dois grupos que representam
um mesmo modelo falido de governo”


Esta eleição pode promover este reencontro ético que nosso país tanta necessita. Por várias vezes defendi que a polarização que vivemos é geradora de um sistema perverso que retroalimenta dois grupos que representam um mesmo modelo falido de governo. Temos, mais uma vez, a chance de romper com as práticas que levaram nosso país ao fundo do poço moral e fiscal, com arroubos de inflação e práticas de corrupção.

A memória do brasileiro não pode ser subestimada. Pode estar adormecida, porém jamais esquecida. O repúdio ao modelo petista de governar ainda está presente em forma de trauma para a maioria dos brasileiros. Tudo indica que um projeto alternativo ao caos bolsonarista e a corrupção petista pode se encaixar nos anseios de um povo que cansou dos extremos e deseja apenas um país estável, com mais segurança e emprego.

A lembrança de um período em que o cidadão médio enxergava a construção de um novo país, quando a lei valia para todos e finalmente a corrupção era punida, ainda vive na mente de grande parte dos brasileiros. Precisamos de pessoas comprometidas com este projeto, um desenho de nação soberano, longe dos erros do passado e da raiva do presente, focados em construir um país onde a força da lei valha mais do que a vontade dos homens de terno que circulam entre rachadinhas, mensalões e petrolões.

* Presidente da Fundação da Liberdade Econômica, cientista Político e mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007). Ex-Diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal

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Comentários

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Tião Aranha

20 de fevereiro, 2022 | 22:00

“O maior mal dum partido de esquerda é o centralismo dos seus membros, cf mostrado por Antônio Gramsk. Quanto às provas, foram mostradas a vivo e a cores. Risos.”

Tião Aranha

20 de fevereiro, 2022 | 21:48

“Toda ordem democrática é acompanhada de corrupção. Através da Justiça, de forma oficial, não se consegue recuperar todo bem material que se roubou quando uma quadrilha se instala no poder.”

Gildázio Garcia Vítor

20 de fevereiro, 2022 | 14:42

“Este está doido para achar uma terceira ou quarta vias. Para mim ele não passa de um bolsominion arrependido em campanha, ainda não assumida, para o Juiz "imparcial". E ainda vem falar de Ética.”

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