18 de outubro, de 2022 | 07:30

Economista orienta trabalhador a usar dinheiro extra do abono salarial para pagar dívidas

Receber uma quantia em dinheiro com a qual nem se contava pode ser motivo de empolgação para muitos brasileiros

José Cruz/Agência Brasil
O abono salarial equivale no máximo a um salário mínimo (R$ 1.212), pago aos profissionais que ganham até dois salários O abono salarial equivale no máximo a um salário mínimo (R$ 1.212), pago aos profissionais que ganham até dois salários

A semana começou com o pagamento de um lote complementar do abono salarial PIS a 1,1 milhão de trabalhadores do país. O benefício pode chegar ao valor de até um salário mínimo (R$ 1.212), de acordo com a quantidade de meses trabalhados. Um dinheiro que, se administrado com responsabilidade, pode representar uma ajuda considerável nessa reta de fim de ano.

Receber uma quantia em dinheiro com a qual nem se contava pode ser motivo de empolgação para muitos brasileiros, mas é preciso prudência para usar bem o recurso, conforme explica o economista e coordenador da seção mineira da Associação Brasileira dos Economistas pela Democracia (Abed-MG), Paulo Bretas. “De fato, todo dinheiro extra é sempre muito bem-vindo. Nesse momento é fundamental ter educação financeira funcionando. E assim, o recurso deve ser muito bem empregado”, afirmou.

O economista sugere que a prioridade do trabalhador contemplado com o abono seja pagar as contas. “Primeiro é importante pagar dívidas em atraso e com dinheiro na mão é possível até conseguir descontos de multas com alguma redução de juros para pagamento à vista”, orientou. Dica valiosa do economista, dada a circunstância atual em que tantos brasileiros vivem.
Álbum Pessoal
''O recurso deve ser muito bem empregado'', declarou o economista ''O recurso deve ser muito bem empregado'', declarou o economista

Para se ter uma ideia, em setembro, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a proporção de endividados entre os consumidores com renda inferior a dez salários mínimos atingiu 80,3%, o maior patamar da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). No mesmo mês, o volume de consumidores que atrasaram o pagamento de dívidas atingiu 30%, o maior desde o início da Peic, em 2010. 

Gastos sem pensar
Paulo Bretas alerta aos consumistas de plantão que é preciso pensar antes de sair por aí gastando o dinheiro extra. “Em segundo lugar, na lista de prioridades é importante ter a noção que não é tanto dinheiro assim e sair fazendo gastos sem pensar não é nada razoável”. A dica do economista é pensar no futuro. “Então se puder poupar, adiar gastos desnecessários e ter foco no futuro é sempre o melhor comportamento”, aconselhou.

Expectativas para 2023
Segundo Paulo Bretas, os especialistas alertam que 2023 será um ano difícil. “Independentemente dos resultados políticos, existem problemas no Brasil e no mundo que nos servem de alerta e cálculo de riscos”, disse. O economista apresentou alguns exemplos. “As taxas de juros no Brasil continuam altas, a inflação dos alimentos entrou recentemente em desaceleração e muitas medidas tomadas pelo atual governo são de curto prazo e efeitos passageiros. No mundo temos a guerra na Ucrânia, recessão batendo às portas da Europa e muito problema com inflação e baixo crescimento em muitos países”, pontuou.

Diante de um contexto de incertezas, o economista recomenda cautela. “Poucos gastos e muita concentração na formação profissional e conquista de melhores espaços no mundo do trabalho”, concluiu.
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