23 de janeiro, de 2023 | 13:17

Polícia Federal vai investigar se houve genocídio de indígenas Yanomami

Com informações da agência Brasil
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anuncia a abertura de inquérito policial para apurar crimes ambientais e de genocídio na região do povo Yanomami, em Roraima. Dino é um dos oito ministros que acompanharam o presidente Lula em visita ao estado, no sábado (21), para verificar a crise humanitária local, com indígenas atingidos pela fome, pela malária e por infecções respiratórias, entre outros problemas.

A Polícia Federal estará à frente das investigações para apurar as responsabilidades pela situação. “O presidente Lula determinou que as leis sejam cumpridas em todo o país. E vamos fazer isso em relação aos sofrimentos criminosos impostos aos yanomami. Há fortes indícios de crime de genocídio, que será apurado pela PF”, disse o ministro.

De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, 99 crianças do povo yanomami morreram devido ao avanço do garimpo ilegal na região. Os dados são referentes a 2022, e as vítimas foram crianças entre um e quatro anos. As mortes foram provocadas principalmente por desnutrição, pneumonia e diarreia. Em entrevista à imprensa, Lula se comprometeu a combater as ilegalidades nas terras indígenas e criticou o governo Bolsonaro pela desatenção aos povos da região.

A pasta estima que ao menos 570 crianças foram mortas pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome nos últimos anos. Só em 2022 foram confirmados 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami. As faixas etárias mais afetadas estão entre os maiores de 50 anos, seguidas pela faixas de 18 a 49 anos e de 5 a 11 anos.

Decreto de Emergência em Saúde Pública

A ministra Nísia Trindade declarou emergência em saúde pública para oferecer ajuda sanitária aos povos que vivem no território Yanomami, em Roraima. A titular da pasta assinou a medida no dia 20/1, quando a portaria foi publicada em edição extra do ‘Diário Oficial da União’. Desde o dia 18/1 técnicos do Ministério da Saúde estão na terra indígena, onde habitam 30,4 mil pessoas. Números da plataforma Sumaúma apontaram que 570 crianças ianomâmi com menos de 5 anos morreram de causas evitáveis durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Responsabilização

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, também cobrou responsabilização. “Nós viemos aqui nessa comitiva para constatar essa situação e também tomar todas as medidas cabíveis para a gente resolver esse problema. Precisamos responsabilizar a gestão anterior por ter permitido que essa situação se agravasse ao ponto de chegar aqui e a gente encontrar adultos com peso de criança e crianças numa situação de pele e osso”, disse a ministra em entrevista à imprensa.

Integraram a comitiva do presidente, além de Dino e Guajajara, os ministros da Saúde, Nisia Trindade; do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias; dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida; da Secretaria-Geral da Presidência, Marcio Macêdo; e do Gabinete de Segurança Institucional, general Gonçalves Dias, além da primeira-dama Janja Silva, entre outras autoridades.

Nísia Trindade declarou situação de emergência em saúde pública nas terras Yanomami. O ministério instalou um Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública, que receberá o reforço de 13 profissionais de saúde da Força Nacional do Sistema Único de Saúde na segunda-feira (23) para montar um hospital de campanha.

Lula decretou a criação de um comitê de crise que atuará de forma integrada entre os ministérios no enfrentamento da fome na região, onde vivem mais de 30 mil pessoas. Após a visita, o presidente desabafou sobre a situação de fome que testemunhou. “Se alguém me contasse que aqui em Roraima tinha pessoas sendo tratadas da forma desumana, como eu vi o povo yanomami sendo tratado aqui, eu não acreditaria. É desumano o que eu vi aqui”.
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