08 de fevereiro, de 2022 | 17:59
Preços de alimentos continuarão altos, indica a CNA
Câmbio e mudanças climáticas ainda poderão prejudicar o orçamento do brasileiro
Arquivo DA
Preço do mamão nesta terça-feira (8/2); produtores foram atingidos por chuvas atípicas em região produtora
Preço do mamão nesta terça-feira (8/2); produtores foram atingidos por chuvas atípicas em região produtora
Depois de dois anos conturbados de pandemia - e de uma surpreendente inflação - o Brasil ainda não tem expectativas de melhora. Ainda que o surto sanitário esteja em outra fase, e até mais controlado, o preço dos alimentos ainda deve permanecer alto.
Essa é a opinião da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para quem há vários motivos que podem manter os valores em alta em 2022. Entenda melhor.
Muito além da pandemia, o isolamento social de 2020 causou vários efeitos na economia, incluindo o aumento de alguns produtos. No entanto, a atual inflação que está atingindo os preços dos alimentos possui outras causas. A diferença cambial, a dificuldade de importar fertilizantes e até o clima estão entre elas.
Em 2021, o fenômeno La Niña causou vários efeitos, incluindo estiagem na região Sul do Brasil. Para este ano, há 80% de chance de que o La Niña continue até o fim do verão, pelo menos no Rio Grande do Sul, segundo o Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs). Ou seja, a agricultura ainda continuará sendo impactada e produzindo menos do que seria o ideal.
Além do mais, cada cultura tem uma particularidade. A soja, por exemplo, foi plantada mais tarde, o que prejudicou a segunda safra do ano. Para 2022, como o plantio está sendo feito cedo, a expectativa é que o resultado seja melhor.
No que se refere ao fertilizante, cerca de 70% dos produtos são importados. Consequentemente, o Brasil é bastante dependente, e isso não é bom para o restante da cadeia. Até porque, não há um fornecedor específico, então, o país sempre precisa pesquisar e comparar os preços, que oscilam bastante.
Por sua vez, o dólar saiu da casa dos R$ 5,20 e terminou 2021 valendo R$ 5,66. Como os fertilizantes e alguns produtos, incluindo alimentos, são importados, esse fator também é repassado para o consumidor.
A luz no fim do túnel
Embora a inflação ainda esteja prejudicando o orçamento dos brasileiros, existe uma expectativa dos especialistas de que até o fim de 2022 os valores se estabilizem. Para que isso ocorra, é necessário que haja uma estabilização do dólar e uma diminuição do preço da energia elétrica com a retomada das chuvas.
Vale lembrar que a estiagem de 2021 levou o país a acionar as termelétricas, que produzem energia a um custo maior. Não apenas as indústrias sentiram esse impacto, como todos os brasileiros na conta de luz.
Enquanto aguarda esse momento, o consumidor tem se virado na hora de fazer as compras. Fazer trocas de produtos tem sido uma saída para garantir o básico. Até porque, o preço dos alimentos do dia a dia foram os mais impactados.
A carne bovina, por exemplo, aumentou cerca de 20% em apenas um ano. Já o frango aumentou 35%, porém, por ter um valor mais baixo, continua mais barato do que a carne vermelha. Por isso, é normal que haja essa substituição.
No entanto, existe ainda a possibilidade de trocar um corte de carne bovina mais caro por outro mais em conta. De acordo com estas informações das Ofertas de hoje do Supermercado Dia, o corte do acém - que inclusive pode ser usado em churrascos - sai por R$ 24,90.
Para efeito de comparação, o patinho, o coxão duro e o coxão mole estão custando cada um cerca de R$ 31,90 no Carrefour. Como se percebe, mesmo entre alimentos semelhantes, existe uma grande diferença de preços que pode impactar no orçamento.
Como visto, o brasileiro ainda não terá sossego tão cedo na hora de comprar os alimentos. Fatores como, mudança climática, importação de fertilizante e câmbio continuarão impactando os preços. A expectativa, porém, é que até o fim do ano os ventos mudem e os valores comecem a diminuir ou, pelo menos, estabilizem-se.
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