18 de março, de 2022 | 17:34
Mais que high tech, o Metaverso será clean
Renata Lemos *
Uma nova sociedade está em construção. Sim, enquanto você lê este artigo, há um mundo de engenheiros e programadores operando máquinas ultra-avançadas para erguer o que promete ser a maior cidade” do mundo. A população estimada para o Metaverso em 2026 daqui a apenas quatro anos é de 2 bilhões de pessoas, segundo a Gartner, empresa de pesquisa e consultoria de tecnologia.E pode apostar: é muito provável que você faça parte dessa população. Até porque lá também estarão pelo menos 30% das corporações de todo o planeta. A Gartner projeta que as pessoas viverão lá, inicialmente, pelo menos uma hora por dia. Mas fazendo o que, exatamente? Trabalhando, comprando, aprendendo, interagindo e por aí vai, mas num nível de experiência muito mais avançado do que a internet de hoje e até mesmo a vida real proporcionam.
São tantas possibilidades que é até difícil de enumerá-las. Mas imagine que será possível ter imóveis, carros de luxo e roupas nesse universo digital. Vamos mais longe: não será absurdo frequentar uma faculdade, praticar tênis com um jogador profissional ou aprender novas receitas com um chef de cozinha francês. Pense também na chance de viajar para o país dos seus sonhos, com direito a guia turístico. Visitar o Museu do Louvre, passear de gôndola pelos canais de Veneza ou conhecer a Estátua da Liberdade sem precisar de visto estadunidense.
Tudo fruto de um misto que envolve realidade aumentada, realidade virtual e outros ingredientes high tech que vão mudar nossa forma de ver e vivenciar o mundo como conhecemos. Estaremos todos ainda mais conectados num espaço multidimensional, incorporados num imenso The Sims bem mais próximo da realidade.
Isso vai gerar consequências para o mundo físico, ao mesmo tempo em que exigirá ainda mais a adoção de boas práticas, que já vêm sendo intituladas de Environmental, Social and Governance (Práticas ESG) ou meio ambiente, social e governança, na tradução literal. A começar pela economia de combustível e de uso de transportes, como também pela produção sustentável de peças de vestuário feitas sob medida e de outros produtos fornecidos a partir de uma base palpável.
Estaremos todos ainda mais conectados
num espaço multidimensional, incorporados
num imenso The Sims bem mais próximo da realidade”
Essa nova forma de consumo pode oferecer impactos positivos ao planeta, e estimular essa prática, aliando-a ao mundo físico, pode levar o ser humano a um novo nível de consciência ambiental. Da mesma forma, o aspecto social representa as relações, a preservação da condição interativa e em full time da web 3.0 que conhecemos hoje. Mas num mundo em que as coisas tendem a ocorrer ao vivo, há uma expectativa de que esse Metaverso também supere as barreiras físicas e temporais.
Por fim, a governança consiste no estabelecimento de regras de conduta global para o Metaverso, protegendo não apenas a privacidade dos usuários como também criando um universo específico para crianças e adolescentes. Além disso, será necessário conduzir políticas de proteção de dados, estabelecer meios de onboarding para acesso e recursos para o uso privado do meio e criar normas de proteção e combate a eventuais tipos de crimes que podem ser explorados no novo ambiente.
É um mundo completamente novo, e que já carrega muita expectativa em torno do que se poderá oferecer e realizar dentro dele.
Líderes e Organização precisam estar preparadas para esse futuro. Afinal as máquinas irão fazer muita coisa, mas a empatia, conexão e coragem ainda serão mais exigidos dos profissionais. Afinal, como disse, fazendo uma analogia ao universo dos games, é um The Sims mais ou menos real. Mas é necessário tomar todos os cuidados para que toda a inteligência artificial por trás do Metaverso seja impecável, e ofereça poucos riscos de descambar para um GTA.
* Consultora especialista em desenvolvimento de líderes e cultura organizacional e fundadora do Instituto Excelência Gestão e Cultura (IEGC) - [email protected]
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