03 de junho, de 2022 | 09:00

Professores da rede particular poderão entrar em greve no Vale do Aço

Cíntia Menezes
Uma reunião agendada para o dia 8, em Governador Valadares, definirá o desfecho Uma reunião agendada para o dia 8, em Governador Valadares, definirá o desfecho

Em busca de manutenção de seus direitos e de reajuste salarial, professores da rede particular de ensino podem paralisar suas atividades. A informação é do coordenador Regional do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro), Sebastião Geraldo de Araújo. Uma reunião agendada para a próxima quarta-feira (8), em Governador Valadares, definirá o desfecho do caso.

Sebastião, que atua especificamente na regional de Caratinga, Valadares e Vale do Aço, explica que existe uma convenção assinada no ano de 2021, com reajustes salariais, mas com um Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) baixo. O do ano de 2019 foi 3,57%, já o de 2020, de 4,3%. O do ano de 2021 chegou a 5,53%, segundo o coordenador. O pedido de reajuste é baseado no índice de 2022, de 10,6%, retroativo a fevereiro.

Ele acrescenta que o sindicato enfrenta dificuldade na negociação, porque os donos de escolas não querem pagar o INPC, mesmo com documento assinado num percentual de 5,53%. “E os professores estão passando por muitas dificuldades, sacrificaram muito com a pandemia. Além de terem de comprar material por conta própria para dar aula, ainda perderam salários, porque no ensino superior foram feitas reduções de carga horária, por exemplo, e isso gerou perda salarial. Mas as escolas não perderam alunos, porque os professores trabalharam virtualmente. As escolas acabaram economizando água, energia, mas diminuíram muito o salário do professor”, explica.

“Professor não come carne”

Se por um lado o salário dos professores não teve reajuste, o custo de vida subiu de forma vertiginosa. “As coisas aumentaram muito, como o arroz... A carne nem se fala. Professor não come carne, isso porque 90% dos profissionais da rede privada ganha menos de R$ 2 mil, isso é humilhante. Um professor da rede privada ganha menos que os da rede municipal e estadual. Sou do Conselho de Educação de Ipatinga, fui presidente do Conselho de Educação de Fabriciano por dois mandatos e o que estão pagando é muito superior ao que pagam para os profissionais da rede privada”, afirma Sebastião.

Paralelos

Sebastião salienta que, além de não reconhecerem e não pagarem o INPC, as escolas cobram mensalidades altas. “Diria até que tem instituição no Vale do Aço que, com a mensalidade de três alunos, conseguem pagar o salário dos professores. E na mesa de negociação, não encontro dono de escola, eles enviam professor para tratar, isso é para tirar direitos”, lamenta.

No dia 8, às 9h, uma reunião na sede regional do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep) tratará sobre a situação dos professores. “Esperamos que haja avanço, que entendam que há necessidade de recomposição salarial. Caso isso não aconteça, não haverá outra maneira a não ser mobilizar a categoria para possível paralisação e até greve. Eles (profissionais) estão chegando até nós e pedindo pelo amor de Deus, porque estão sendo oprimidos”, enfatiza.

Ressalva

Alguns donos de escola já procuraram pelo sindicato, segundo Sebastião Geraldo de Araújo. “Vão pagar os 10,6% de reajuste salarial, uma escola de Direito aqui de Ipatinga e a outra de Caratinga. Os professores reagiram e entenderam a necessidade de reajustar, mas os 10,6% não atendem nem a inflação”, frisa.

O coordenador do sindicato reforça que, se existe uma crise, ela não foi criada pelos profissionais. “A pandemia vai virar um argumento para a vida inteira. Escola pequena atrasa pagamento e não paga o professor direito, mas o dono anda de carro importado. Gostaria que todos tivessem o direito de se alimentar bem e ter uma educação de qualidade para seus filhos”, conclui.

Belo Horizonte

Em assembleia realizada na quarta-feira (1), professores de Belo Horizonte e de algumas cidades do interior decidiram entrar em greve a partir da próxima segunda-feira (6). A categoria rejeitou mais uma vez a proposta feita pelos donos de escolas, que retira direitos e não recompõe perdas da inflação.

Os docentes também reafirmaram a pauta de reivindicações da categoria e ressaltaram que não aceitarão retrocessos. Uma nova assembleia foi marcada para a quarta-feira, dia 8, às 10h, no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Na ocasião, a categoria vai decidir o rumo do movimento.

Os professores também farão, na segunda-feira, uma aula pública com assembleia, às 10h, em protesto contra a postura dos donos de escolas, e uma manifestação na porta do sindicato patronal, na terça-feira (7), às 14h30.


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Comentários

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Magela

05 de junho, 2022 | 18:29

“Gostaria de entender porque o PROFESSOR é tão atacado, seja professor de escolas municipais, estaduais ou de escolas particulares. Só um exemplo, meus filhos estudam em uma escola particular de Ipatinga e o reajuste da mensalidade de 2021 para 2022 foi de 17,78% e na hora de valorizar o professor de sua instituição não querem nem pagar a inflação? Eu como pai fico preocupado, pois sabemos que profissionais que trabalham felizes, motivados, redem muito mais para o ensino de seu filho. E o pior de tudo é ouvir o que a pessoa do LEO disse: "Simples, manda todos embora e contrata outros, problema resolvido". Engano seu LEO, o grande problema das empresas hoje é terem profissionais engajados, treinados e dedicados a empresa e isso vale para qualquer tipo de empresa. Troca-se todo mundo, beleza, o novo profissional de início entrará feliz, pois afinal de contas conseguiu um emprego, mas com o passar do tempo, ao perceber que não é valorizado, seu rendimento começa a cair e começa a fazer o básico, o que está no escopo de trabalho, e você faz o que então? Manda embora novamente e contrata novos? O custo para você desenvolver um profissional com a identidade de sua empresa é altíssimo, sendo assim, é mais econômico manter o profissional do que trocá-lo. Minha posição como pai é que os professores de meus filhos sejam bem valorizados, assim como quaisquer profissionais, que recebam o que seja justo, uma vez que eles não estão tendo aumento de salário e sim reposição de perda de salário que foi corroída pela inflação.”

Professor

03 de junho, 2022 | 21:11

“O comentário do Leo é típico de uma gentinha que ascendeu ao poder recentemente. Gente que acredita ser da elite, talvez até seja rico. Mal alfabetizado, inclusive. Se não for milionário (ou dono de uma escola particular) é só mais um imbecil que fala o que não sabe, o que não vive. E não tem vergonha de cometer vexame em página de jornal. Faz questão de expor sua mediocridade subserviente.”

Professor de Historia

03 de junho, 2022 | 20:58

“Infelizmente a profissão, que nunca foi valotizada, acabou. É sub emprego, a sociedade quer assim, a classe é mal representada e desunida, o melhor hoje é não entrar nesse barco furado e quem estiver dentro dar um jeito de sair.”

Cláudia

03 de junho, 2022 | 19:28

“Quando um professor é tratado desta forma, não podemos esperar um futuro melhor.”

Leo

03 de junho, 2022 | 17:23

“Simples, manda todos embora e contrata outros, problema resolvido, sindicato só serve pra atrasar a vida da sociedade.”

Jorge

03 de junho, 2022 | 10:23

“Muitas outras profissões também não come carne,nem por isso fazem greve para prejudicar terceiros.”

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