26 de julho, de 2022 | 07:25
Vale do Aço tem potencialidades, mas população sofre de baixa autoestima, aponta geógrafo
Estudioso sobre a região, William avalia que o Vale do Aço é uma região que tem potencialidades e conta com uma estrutura organizada, principalmente em torno de Ipatinga
(Bruna Lage - Repórter do Diário do Aço)Após realizar o Primeiro Encontro sobre o Desenvolvimento do Vale do Aço, na semana passada, o geógrafo William Passos, coordenador estatístico e de pesquisa do Observatório das Metropolizações, concedeu entrevista ao Diário do Aço e falou a respeito de pontos específicos que têm observado na região, desde que começou seus estudos da metropolização.
Promovido no auditório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFMG) em Ipatinga e organizado pelo Observatório das Metropolizações, o evento reuniu representantes da Agência Metropolitana e todas as administrações municipais da Região Metropolitana do Vale do Aço, contando, ainda, com a participação do jornal Diário do Aço.
Metropolização
Desde o ano de 2019, o Diário do Aço tem divulgado notícias com William, que, em sua tese de doutorado, desenvolveu a interpretação de que parte do interior está passando por um processo de metropolização. É uma interpretação inédita que venho defendendo e venho tentando comprovar com trabalhos teóricos e uma metodologia que eu desenvolvi. No cálculo que eu fiz, dentro da região Sudeste, fora do estado de São Paulo, a que deu maior coeficiente de metropolização foi o Vale do Aço e isso me chamou muita atenção”, recorda.
Metropolização são características de áreas metropolitanas, mesmo não sendo, necessariamente. Ou seja, há muitas características no Vale do Aço que lembram as áreas metropolitanas, como trânsito, aumento da violência, desigualdade, muita gente dividindo o mesmo espaço, uma quantidade muito grande de concentração de população, de edifícios, economia indústria, desenvolvimento de alguns setores de serviços e ajuntamento de municípios.
A gente vê no Vale do Aço municípios muito próximos, ajuntamentos de áreas urbanas e isso faz com que muitas pessoas morem num município e trabalhem em outro. Isso é uma outra característica, aquilo que identifico com maior facilidade, que caracteriza uma área metropolitana, que é o que a gente chama de penduralidade. Pessoas que moram num lugar e deslocam ou para comprar ou consumir e isso é muito comum em áreas metropolitanas”, detalha.
Em Belo Horizonte, acrescenta William, há pessoas de outras cidades que deslocam para cidades vizinhas e tenho observado que isso também acontece em outras cidades do interior do Brasil com muita força e, quando isso acontece, essas áreas acabam tendo características semelhantes a das regiões metropolitanas brasileiras, ainda que não necessariamente a gente possa considerar uma região de natureza metropolitana. É o que acontece com o Vale do Aço, não tem natureza metropolitana, mas tem características. Isso faz com que seja uma região em metropolização, embora do ponto geográfico não seja. É do ponto de vista político, porque tem uma lei que cria, tem uma agência metropolitana e é reconhecida pelo estado como tal, do ponto de vista político”, aponta.
Formação
Para o geógrafo, falta ao Vale do Aço aquilo que é comum às regiões metropolitanas e às áreas com características de metropolização: a existência de uma universidade. Ela não apenas forma pessoas numa faculdade ou pós-graduação, mas desenvolve pesquisa científica, tecnologia, inovação. Gera impacto econômico territorial enorme e ajuda que muitas pessoas não saiam da região para estudar ou ter uma vida melhor em outra região. Que é uma coisa que acontece muito no Vale do Aço, quem pode vai para o exterior e quem não pode vai fazer faculdade em Belo Horizonte, Ouro Preto... A gente conhece muito essas histórias”, salienta.
Baixa autoestima
Estudioso sobre a região, William avalia que o Vale do Aço é uma região que tem potencialidades e conta com uma estrutura organizada, principalmente em torno de Ipatinga. A região tem a possibilidade de desenvolver um setor mais ligado à tecnologia da informação, mas para isso seria importante ter uma instituição que qualificasse mão de obra e que produzisse pesquisa. Já existe uma estrutura na indústria metalomecânica e isso pode ser aprofundado, ampliado, tem possibilidade também de diversificar atividades econômicas”, detalha o pesquisador.
O que me chama muito atenção é que, pelo tamanho de população e economia, o Vale o Aço tem potencial para desenvolver um setor maior, com mais opções de vida noturna, parte turística. Porque em outras regiões do Brasil a gente vê um número maior de opções, como para lazer, entretenimento, vida cultural, mesmo com menos população que o Vale do Aço”, exemplifica.
Ele avalia que a população do Vale do Aço sofre de baixa autoestima. Em todo canto do Brasil tem ipatinguense, e eles falam muito bem daqui, criam uma imagem do paraíso. Quando a gente chega aqui, eles só reclamam da cidade. Vejo que existe baixa autoestima, não existe um orgulho, um reconhecimento. Falta por parte da população reconhecer o que tem de bom e por parte da classe empresarial acreditar mais na região”, conclui.
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Gildo
02 de agosto, 2022 | 16:38Prezada Maria Aparecida, faço minhas as suas palavras. Parabéns.”
Maria Aparecida
26 de julho, 2022 | 23:37Não é sofrer baixa estima. É ter que lutar para conseguir um emprego que dê conta de arcar com suas despesas. É estudar e ser número em processos seletivos, já que os RHs das grandes do vale, só gira entre amigos. Subir de cargos nas empresas mudou agora, visto que poucos desejam morar no vale do aço. Não tem muitas opções de lazer, o acesso via 381 é uma vergonha. Se quiser algo a mais tem que deslocar para BH. Os planos de saúde não suprem a demanda, não há manejo ambiental. Cidades cheia de lixo, córregos e esgoto. É uma lugar para aprender, qualidade de vida não tem. Tem alto estima com o nível de poluição da região, queimadas e outros problemas é querer demais.”
Guima
26 de julho, 2022 | 20:45O atual Prefeito é aprendiz de Prefeito. Sem influência política nenhuma com uma visão arcaica de administração. Precisamos de uma pessoa ambiciosa para modernizar o setor de transporte público. Um mini trem de superfície na Gerasa aproveitando o leito do Ribeirão. Basta subir um metro de laje para passar a linha que seria do Bethânia ao Centro. Outra linha do Centro ao Bom jardim margeando o Ribeirão Ipanema. Estas linhas seriam alimentadas por micro ônibus. Com moderna estações à margem da linha férrea. O atual prédio da prefeitura está com instalações hidráulica e elétrica arruinadas , além de ser um projeto ultrapassado e suas estruturas comprometidas. Não adianta costurar vestido velho. Deveria construir uma moderna prefeitura no lugar da atual rodoviária e transferir a rodoviária para o bairro Ferroviários, ao lado onde estão construindo o atacadista Assai. O prédio da atual prefeitura tem que ser demolido e no lugar construir um moderno Camelódromo. No lugar do Camelódromo ser feito uma moderna praça ligando a Primeiro de maio. Todo o Centro tem que ser remodelado.”
Celio Cunha
26 de julho, 2022 | 11:40Caro redator matéria muito propícia para o momento: O pesquisador William levanta a bola para uma discussão que deva ser debatida por todos os setores - educação, mobilidade urbana, segurança, saúde, geração de emprego e renda. Contudo, reafirmamos nosso posicionamento de sempre, para realização de todos esses ganhos, conquistas tem que haver boas representações na assembleia legislativa e câmara federal. Senão vejamos - Porquê não temos uma universidade federal na região que se propõe ser chamada de metropolitana??? porque não temos um aeroporto decente a altura do potencial do Vale do Aço?? Porque nosso malfadado aeroporto ficou anos parado sem resposta sem atitude das '' autoridades''? Porque não temos um hospital regional no vale do Aço?? Porque não temos um transporte coletivo de qualidade organizado regionalizado?? Porque não temos uma BR 381 finalizado ainda??? É que ; embora o Vale do Aço contribua com uma fatia significativa para o pib nacional e federal, '' nossos gestores municipais precisam mendigar de pires na mão quando precisam resolver qualquer questão que depreenda recursos e, isso é sim consequência da falta de representação que tenham voz ativa em favor do nossa '' Região Metropolitana''. é o que pensamos coletivamente, penso que devemos olhar com mais carinho em outubro quem vai fazer com que isso saia do papel e vire realidade fazendo com que a baixa autoestima aventada pelo pesquisar seja revertida. Célio Cunha seu criado”
Tião Aranha
26 de julho, 2022 | 10:54Eu conheço o trabalho do William: "O crescer é perigoso quando o poder é limitado". Os políticos do Vale do Aço só sabem fazer é imitar os lá de cima. Não passa disso. E olha que eu sou filho de político. Risos.”
Elton Miranda Tavares
26 de julho, 2022 | 10:47? verdade que o Ipatinguense possui de forma geral baixa autoestima, não só pelo que falta na cidade mas por falta de identidade mesmo. Ipatinga cresceu com uma mentalidade operária, infelizmente não há como fugir disso, grande parte da população herdou essa mentalidade dos pais (sem chororô e sem politicamente correto por favor, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa). Graças a Deus com o tempo a vocação da cidade está mudando, saindo da dependência da Usiminas e sendo mais empreendedora, afinal, há vida inteligente fora das cercas da siderúrgica e do setor metalurgico. Muitas faculdades (pelo menos) se instalaram por aqui, há muito mais empreendedorismo e a mentalidade das pessoas está mudando, podemos ver isto pelo crescente número de tipos de serviços que há 10 ou 15 anos atrás seriam inviáveis pela mentalidade da população. Hoje o povo viaja mais, vê coisas diferentes e interage com outras culturas, voltam e repensam a cidade com novas iniciativas. Ainda há muito o que mudar, a mídia local precisa melhorar muito nesse papel de conscientização e transformação da cidade. Infelizmente jornais, revistas e mídias locais ainda estão ligados a "puxassaquismos" e bajulação de velhas figuras e empresas e predomina cultura da idolatria, da ostentação e do exclusivismo! O povo precisa viajar mais e conhecer novas culturas e lugares e sair dessa mentalidade (ainda) provinciana. Nasci em Ipatinga, vivi e vivo muitos anos na cidade, contudo tive o previlegio de conhecer 12 países e morar em 5 deles por cerca de dez anos, sou Ipatinguense zeloso pela cidade, portanto posso falar!!!”
Paulo
26 de julho, 2022 | 08:56O vale do aço estagnou, o PIB que temos aqui, não ter uma faculdade federal, não ter um hospital regional, um aeroporto maior. A BR 381 na altura de Timóteo não ter uma alça de acesso, são coisas inadmissíveis. Precisamos de prefeitos que pensem na região metropolitana, não apenas em seus projetos pessoais. Tá na hora escolhemos deputados que tenham visão estratégica, não é gente com ideologia idiota que não agrega nada. Ipatinga por exemplo já foi referência nacional e internacional, ganhou vários prêmios. Hj o vale está apagado no cenário nacional. A garotada está indo estudar fora e não volta mais.”
Gildázio Garcia Vitor
26 de julho, 2022 | 08:21Sou fã de carteirinha desse garoto, pelos artigos de opinião e pelas análises coerentes que têm feito sobre a conjuntura socioeconômica do Vale do Aço. Mas esta da baixa autoestima da nossa população está mais para "achismo". Acredito que não pode produzir Ciência assim. Não perca o foco garoto, e SUCESSO sempre. Você poderá vir a ser o nosso novo Aziz Ab'Saber. Nunca deixe a "Mosca Azul" lhe dar uma picada. E acredite, nem "Tudo vale a pena se a alma não é pequena".”