11 de fevereiro, de 2019 | 11:35
Van Gogh, o mito
A obra colabora para mostrar o pintor holandês como gênio incompreendido, mas faz isso sem grandiloquência
E Van Gogh chega mais uma vez ao cinema para nos desafiar. Falecido aos 37 anos em circunstâncias até hoje mal conhecidas, é a referência mundial do que significa ser pintor para nove entre dez pessoas. Seu nome está associado muitas vezes mais à sua biografia de artista incompreendido do que ao seu talento como artista visual.
No Portal da Eternidade reforça essa tese, mas atinge momentos de intensa beleza como as caminhadas dele pelos campos de Arles, na França, pontuadas pelas teclas de um piano nervoso. O filme acentua justamente a angústia de um criador, provavelmente portador de alguma doença mental não totalmente identificada até hoje.
O diretor Julian Schnabel consegue de Willem Dafoe, indicado ao Oscar pelo papel do protagonista, um desempenho ímpar, pelas nuances apresentadas ao interpretar um homem que oscila entre reações violentas e a extrema delicadeza nas conversas com o irmão, um padre e seu médico.
A obra colabora para mostrar o pintor holandês como gênio incompreendido, mas faz isso sem grandiloquência. A trajetória de Van Gogh é apresentada como a de uma pessoa comum, mergulhada, porém, em uma atmosfera de incertezas sobre a sua própria caminhada em meio à falta de dinheiro e a uma convicção de que a sua arte era para o futuro da humanidade.
Oscar DAmbrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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