21 de abril, de 2023 | 21:00
Alexandre de Moraes determina quebra do sigilo de imagens de vandalismo no Planalto
Vídeo mostra militares dentro do Palácio do Planalto dando água aos invasores do prédio público
Com informações da Agência BrasilMarcelo Camargo/Agência Brasil
Decisão de Alexandre de Moraes faz parte de investigação no STF por atos golpistas

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (21) a quebra do sigilo das imagens do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) captadas durante a invasão do Palácio do Planalto em 8 de janeiro. Com a decisão, todas as gravações deverão ser enviadas para investigação que está em andamento da Corte.
A determinação foi tomada após a gestão interina do GSI informar ao Supremo que uma sindicância foi aberta em 26 de janeiro pelo órgão para apurar a condutar de agentes que estavam em serviço, mas as imagens da ação dos vândalos não foram divulgadas em função do sigilo da investigação.
Na mesma decisão, Moraes também mandou que a Polícia Federal (PF) realize, em 48 horas, o depoimento de todos os funcionários do GSI que foram identificados após gravações divulgadas pela CNN Brasil mostrarem o ex-ministro do GSI Gonçalves Dias e outros servidores no interior do Palácio do Planalto durante os atos golpistas.
Na decisão, o ministro afirmou que já havia determinado que todas as imagens da invasão deveriam ser anexadas à investigação dos atos que tramita no Supremo.
O ministro Moraes ordenou que sejam identificados todos os militares que aparecem nas imagens divulgadas pela CNN e que levaram à queda do ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo Lula. As exonerações do general Gonçalves Dias e do número dois da pasta, Ricardo Nigri, foram publicadas ainda na quarta-feira no Diário Oficial .
Após a determinação do STF, o ministro interino da pasta, Ricardo Capelli, disse que vai passar as informações sobre as pessoas identificadas nos vídeos para a investigação.
Dias pediu demissão horas depois da divulgação das imagens do circuito interno do Palácio do Planalto durante os ataques do dia 8 de janeiro. O então ministro aparece abrindo uma porta próxima ao gabinete da presidência para os golpistas saírem.O vídeo também mostra militares cumprimentando e dando água para os vândalos. Dentre os militares está identificado o major do Exército José Eduardo Natale de Paula Pereira. Ele foi nomeado para o GSI em novembro de 2020, na gestão do ex-ministro Augusto Heleno.
Responsabilidade
Para Moraes, as gravações são necessárias para apurar a responsabilidade criminal dos envolvidos. "Portanto, inexiste sigilo das imagens, com base na Lei de Acesso à Informação, sobretudo por serem absolutamente necessárias à tutela jurisdicional dos direitos fundamentais, ao regime democrático e republicano, que foram covardemente desrespeitados no ataque criminoso à nossa democracia, no dia 8/01/2023", escreveu o ministro.
Alexandre de Moraes ressaltou que a investigação sobre os atos golpistas também apura as responsabilidades de agentes civis e militares que foram coniventes com os atos.
"A investigação dos atos golpistas não está restrita somente aos indivíduos e agentes públicos civis e militares que criminosamente pretenderam causar ruptura do Estado Democrático de Direito, na tentativa de violação de direitos fundamentais e na separação de poderes, mas, também, na identificação e responsabilização das condutas de todos aqueles, inclusive de agentes públicos civis e militares, que, durante a consumação das infrações penais do dia 8/1 ou, posteriormente, comissiva ou omissivamente, foram coniventes ou deixaram de exercer suas atribuições legais", concluiu.
Mais cedo, o ex-ministro do GSI Gonçalves Dias prestou depoimento à Polícia Federal (PF), em Brasília. O depoimento foi determinado quinta-feira (20) pelo ministro Alexandre de Moraes, que deu prazo de 48 horas para que o depoimento fosse realizado.
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