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20 de janeiro, de 2024 | 17:32

Padre Júlio Lancellotti é alvo de campanha de difamação nos grupos de WhatsApp

Material fake, elaborado a partir de laudo do bolsonarista Rafael Moreno busca o cancelamento do religioso e é bombardeado dia e noite na internet; Responsáveis podem ser presos

Rovena Rosa/Agênia Brasil
O padre Julio é bombardeado na internet com vídeo que segundo professor de tecnologia da informação foi montado O padre Julio é bombardeado na internet com vídeo que segundo professor de tecnologia da informação foi montado

O resultado da perícia encomendada pela revista Fórum e o jornal O Estado de S.Paulo ao professor de engenharia de informação na UFABC e instrutor de computação forense no MBA de segurança de dados da USP, Mário Gazziro, é contundente em afirmar que é falso o vídeo divulgado por bolsonaristas e apoiadores do Movimento Brasil Livre (MBL) para acusar o padre Júlio Lancellotti de pedofilia. O indivíduo que publicou o vídeo falso contra padre Júlio Lancellotti também participou dos atos que em 8 de janeiro de 2023 resultaram na invasão e depredação da sede dos três poderes em Brasília. A informação foi publicada pela revista Fórum.

"As evidências indicam que os vídeos e montagens não pertencem ao suposto acusado, Padre Júlio Renato Lancellotti, após constatação de montagens sobre vídeos para simular vídeo-chamadas", diz a conclusão da perícia. A íntegra do levantamento está ao fim do texto.

Gazziro ainda desmonta o laudo que teve apenas a conclusão apresentada nas redes pelo bolsonarista Rafael Moreno. Candidato derrotado a deputado estadual em São Paulo, ele divulgou o vídeo - que já havia circulado nas mídias sociais em 2020 - no dia 5 de janeiro, enquanto o fundador do MBL, Rubinho Nunes (MDB), tentava emplacar uma CPI contra a atuação do religioso junto aos pobres da região central da capital paulista, numa área tomada por pessoas em situação de rua e dependentes químicos. A CPI tinha como propósito a relação do padre com as entidades sociais Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, o Bompar, e o coletivo Craco Resiste.

O padre Júlio já afirmou que não pertence a nenhuma ONG e que a "atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo na Cracolândia".

Com dificuldades para avançar na CPI contra o padre, os adversários do religioso foram para a internet e resgataram o vídeo do suposto ato de pedofilia do religioso. Entretanto, professor de engenharia de informação, Mário Gazziro, afirma que o autor da perícia feita em outubro de 2020 no tal vídeo cometeu erros básicos ao analisar um vídeo filmado da tela de um celular "para não deixar rastro digital".

"Ele não periciou o material original. Seria o mesmo que em um tribunal não chamar uma testemunha ocular, e sim um terceiro, que ouviu a história de uma outra pessoa", explica Gazziro à Fórum.
Reprodução Twitter
Perito afirma que vídeo com acusação de pedofilia contra o padre é falso e desmonta laudo de 2020 apresentado pelo bolsonarista Rafael Moreno, que divulgou as imagens em meio às discussões para criar CPI na Câmara de São Paulo contra o padre Perito afirma que vídeo com acusação de pedofilia contra o padre é falso e desmonta laudo de 2020 apresentado pelo bolsonarista Rafael Moreno, que divulgou as imagens em meio às discussões para criar CPI na Câmara de São Paulo contra o padre

Analisando o laudo anterior, o perito ainda afirma que o relatório não revela a origem do vídeo e, nem mesmo, quem encomendou o trabalho.

"A justificativa do perito anterior, Onias Tavares de Aguiar, no laudo de 2020, de que as imagens em seu laudo foram desfocadas por baixa resolução do celular de origem (visto que o material em se tratou da filmagem de um celular o qual exibiu os supostos vídeos – o que na verdade também é um artifício para ocultar rastros digitais forenses), sem fazer qualquer menção ao fato da técnica de borramento ser um indício cabal de tentativa de ocultação de geração por tecnologias deepfake, como apresentado nesse laudo em detalhes, invalida por completo seu laudo, o qual determinamos aqui, nessa nova perícia, ser sem valor forense ou por sua vez, jurídico", conclui Gazziro, que não descarta o uso de deep fake na edição do vídeo.

"Usando o ano de 2020 como base, procuramos por ferramentas de criação de deepfakes dessa mesma época, e encontramos a DeepFaceLab, uma ferramenta que iniciou em 2018 mas se tornou bastante madura e estável no ano de 2020, a qual poderia eventualmente ter sido utilizada para forjar a aparência do Padre Júlio Renato Lancellotti sob os vídeos em questão", afirma o laudo.

Segundo o perito, a constatação do laudo de que houve montagem, edição e divulgação de material adulterado para simular uma vídeo-chamada para acusar padre Júlio de pedofilia é crime.

"Rafael Moreno, incorreu no crime de provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de notícia-crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado, com pena de detenção, de um a seis meses, ou multa", diz o laudo.

Leia aqui a íntegra da perícia
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Comentários

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Marlene da Silva Leal

23 de janeiro, 2024 | 17:14

“O pivô deveria exigir uma perícia internacional de gabarito para dar o veredito, porque cada um defende seus aliados.”

Wagner Martins da Rocha

22 de janeiro, 2024 | 12:09

“Deus me livre do cidadão de bem!!”

Douglas

22 de janeiro, 2024 | 08:55

“Se o padre fosse de direita ele já estaria cancelado mas como ele é da esquerda então automaticamente lhe é dado o benefício da dúvida. Não estou dizendo que ele é culpado ou inocente, mas é isso que acontece.”

Maria Oliveira

22 de janeiro, 2024 | 00:23

“Agradeço pela seriedade e profissionalismo no compartilhamento de informações verídicas em meio às falácias que contaminaram a internet sobre esse assunto nos últimos dias.
Obrigada, equipe Diário do Aço, por essa representação de jornalismo comprometido na nossa região.”

Cacilofenes Forja

21 de janeiro, 2024 | 19:15

“Os discípulos de Maquiavel não medem esforços para conseguirem seus intentos.
Isso é terrível porque pode destruir reputações ilibadas. Só vou citar um exemplo ocorrido em São Paulo que ficou conhecido como Escola de Base. Acusaram os japoneses donos da escola de pedofilia com os alunos. E era tudo mentira. Os japoneses ficaram arrasados, já até morreram, muito provável como efeito colateral por serem um povo que se abalam muito com esse tipo de acusação. Aos criadores da fakenews nada aconteceu.
Então num ambiente sujo da politicagem o melhor a fazer é se abster pois direita, centro ou esquerda se trocar por uma colher de m.e.r.d.a ainda se fica no prejuízo.”

Jj

21 de janeiro, 2024 | 17:29

“Queria ver se esse Padre fosse de "Direita" se seria tão defendido,!”

Lola

21 de janeiro, 2024 | 16:09

“Diário do aço ainda dá tempo de apagar essa reportagem apoiando esse verme...se toquem!”

Anderson

21 de janeiro, 2024 | 13:10

“Os cidadãos de bem, defensores de família e pátria, religiosos, esses são grandes contadores de mentiras. Perseguindo um sacerdote que segue os ensinamentos de Cristo, ama o próximo e o humilhado sem distinção.
" Deus que me livre do cidadão de bem" !”

Renata de Oliveira Giovanella

21 de janeiro, 2024 | 12:28

“Os responsáveis devem ser rigorosamente punidos. Pena que neste caso, o único que seria exemplarmente punido seria o padre Julio, caso o vídeo fosse verdadeiro. Mas, analisando com imparcialidade as perícias feitas (e quem são os peritos), fica fácil entender porque se trata de uma montagem.
Toda essa gente envolvida, enfrentará a justiça?!”

Leandro

21 de janeiro, 2024 | 09:44

“Quem não deve não teme, ache justo que ele se defenda, até porque ele não está sendo acusado de crime e sim de uma ofensa ao povo católico. Relatos de internos da antiga FEBEM, atual Fundação Casa contradizem o Padre. Quero acreditar que seja mentira, que os 800000,00 que ele deu a família do menor também sejam mentiras e que a Igreja Católica não seja omissa.”

Carlos

21 de janeiro, 2024 | 07:48

“Quem tá defendendo o padre é só levar pra sua casa e deixar ele cuidar dos seus filhos.”

Eneas Pereira de Oliveira

21 de janeiro, 2024 | 06:07

“Só sei que a verdade vai aparecer...”

Juliana Deodato

20 de janeiro, 2024 | 23:26

“Seria interessante contratar um perito neutro para fazer uma terceira perícia para determinar se o material é legítimo ou se foi fraudado. Lembremos que essa é não é a primeira situação em que o padre é envolvido acusado de práticas sexuais. Lembremos daquele caso do ex-interno da Fundação Casa.
Estejamos atentos para que não sejamos enganados e nem alienados pela religião ou pela política.

https://www.jusbrasil.com.br/noticias/justica-absolve-acusados-de-extorquir-padre-julio-lancelotti/21536”

José Emilio Gouveia

20 de janeiro, 2024 | 22:37

“Peço a Deus que eu esteja errado e o padre seja inocente.
Fui levado pela emoção do momento.
Sinto muito. Minhas desculpas”

José Emilio Gouveia

20 de janeiro, 2024 | 22:34

“Quero estar errado. Deus ajude o padre a provar ser inocente.
Sinto muito ter comentado o que não pode ser provado.”

Paulo

20 de janeiro, 2024 | 17:52

“Gente escrota. Bolsonarismo fede. E essa gente ainda invadiu as igrejas.”

Tião Marreta

20 de janeiro, 2024 | 17:51

“O Padre deve ter o direito de ampla defesa e contraditório, como o Estado deverá entrar no caso e verificar através da Policia Técnico Cientifica se o vídeo é real ou fake. Pois um tende a puxar para o lado do Padre já o outro incriminar.
Sou a favor de fazer a pericia pelo Estado e posteriormente dar publicidade, se o Padre for inocente que punam exemplarmente os culpados, mas se o padre for culpado, que seja punido dando exemplo aos demais.”

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