12 de julho, de 2024 | 06:19

Anvisa abre processo para avaliar medidas contra álcool no pão de forma

Com informações da Agência Brasil
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Além do pão, vários outros alimentos e até frutas maduras podem conter álcool Além do pão, vários outros alimentos e até frutas maduras podem conter álcool

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou quinta-feira (11), que abriu processo para subsidiar possíveis medidas a serem adotadas no caso das marcas de pães de forma com alto teor alcoólico. A ação ocorre após a divulgação da análise da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, conhecida como Proteste, dia 10/7, que apontou oito marcas de pães com concentrações de álcool com que “ultrapassam limites aceitáveis de consumo”.

De acordo com o levantamento, se os pães fossem bebidas, os produtos de cinco marcas seriam considerados alcoólicos, ou seja, com teor de álcool superior a 0,5%: Visconti (teor alcoólico de 3,37%), Bauducco (1,17%), Wickbold 5 Zeros (0,89%), Wickbold Sem Glúten (0,66%), Wick Leve (0,52%), e Panco (0,51%).

Algumas marcas de pães também poderiam não passar no teste do bafômetro, dependendo da quantidade ingerida pelo consumidor. Considerando os índices do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), a quantidade segura de álcool no organismo (circulando no sangue) seria abaixo de 3,3 gramas (g) de álcool. De acordo com a pesquisa, duas fatias do pão de forma da marca Visconti teriam o equivalente a 1,69 g de álcool; da Bauducco, a 0,59 g; e da Wickbold 5 Zeros, a 0,45 g.

“Para grávidas e lactantes, a ingestão recorrente de álcool, mesmo que em baixas doses, pode afetar o aprendizado e ocasionar problemas de memória. A síndrome alcoólica fetal (SAF), ocasionada pela ingestão de álcool, é caracterizada por anormalidades no neurodesenvolvimento do sistema nervoso central, retardo de crescimento e problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade”, diz o texto da pesquisa.

O estudo mostra ainda que, caso os pães fossem medicamentos fitoterápicos, seria necessário haver advertências nas embalagens de oito marcas brasileiras. De acordo com as diretrizes pediátricas europeias, o valor limítrofe de advertência para a presença de álcool em medicamentos fitoterápicos é de 6 miligrama por quilo (mg/kg) de peso corporal para crianças. Considerando uma criança de 12,5 kg, a taxa limite seria de 75 mg.

Essa quantidade é superada, em uma única fatia de pão, nas marcas Visconti (843 mg de etanol), Bauducco (293 mg), Wickbold 5 Zeros (233 mg), Wickbold Sem Glúten (165 mg), Wickbold Leve (130 mg), Panco (128 mg), Seven Boys (125 mg), Wickbold (88 mg).

Por que o álcool aparece no pão?


De acordo com o levantamento, a contaminação dos pães com o álcool pode ocorrer no momento de a indústria acrescentar conservantes nos produtos. “O álcool usado para diluição do conservante [colocado após o pão passar pelo forno] deve ser evaporado até o consumo em si do pão, mas se houver um abuso na quantidade do antimofo ou em sua diluição, isso pode não ocorrer e ocasionar em um pão com um teor de etanol muito elevado”, diz o texto da pesquisa.

Respostas
Em nota, a Pandurata Alimentos, responsável pela fabricação dos produtos Bauducco e Visconti, disse que que adota rigorosos padrões de segurança alimentar em todo seu processo produtivo e na cadeia de fornecimento. "A empresa possui a certificação BRCGS (British Retail Consortium Global Standard), reconhecida como referência global em boas práticas na indústria alimentícia, e segue toda a legislação e regulamentações vigentes."

Não é exclusividade do pão de forma
Os pães não são os únicos alimentos que podem possuir álcool em sua composição. Dentre tantos outros estão as bebidas fermentadas. “Bebidas em que são utilizados muito probióticos para a fermentação podem conter algum tipo de álcool.

Bananas maduras podem conter uma concentração de álcool de 0,4%. Além disso, a mesma pesquisa mostrou que sucos de maçã, de uva e de laranja também podem ter quantidades detectáveis de etanol, com os níveis mais altos encontrados no suco de uva (0.86g/litro de etanol).

Esses sucos podem, ainda, ter seu nível de álcool aumentado com o passar do tempo, segundo uma análise publicada no Preventive Nutrition and Food Science, em 2018.

Vinagre
O vinagre pode conter diferentes graus de álcool em sua composição, porém em pouca quantidade. Os vinagres balsâmicos, champanhe, xerez e de vinho podem conter entre 0,1% e 0,4% de teor alcoólico. Porém, até mesmo o vinagre de maçã e de uva podem conter álcool residual em sua composição. Por fim, aditivos e condimentos alimentares podem conter alta concentração de álcool, como o extrato de baunilha, que contém etanol em sua composição. A quantidade comumente usada em receitas pode não ser prejudicial à saúde, mas seu excesso pode gerar intoxicação alcoólica, de acordo com a Poison Control.

O molho de soja também pode conter entre 1,5% e 2% de álcool por volume. Isso acontece porque o ingrediente é feito a partir de um processo de fermentação natural semelhante ao vinho ou à cerveja: o amido é fermentado, transformando-se em etanol.
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Comentários

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Fabricio

12 de julho, 2024 | 07:39

“Entendo a situação da bauducco e outras marcas, tudo é questão de preço, se ela não conseguir manter seu produto num tempo relativamente extenso usando conservantes, ela perde concorrência e produtos, para que o PAO, chegue nos supermercados sem supostamente conservantes, além tempo , terá que ter estrutura até especial transporte, para não perder produtos, e tudo tem custos, e opção de escolha.”

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