05 de dezembro, de 2024 | 11:39

Com pedido de corregedoria, policial que jogou jovem de ponte é preso

Pai afirma que o filho trabalhava como entregador e não tem passagens pela polícia; com repercussão do caso, governador já avisou que responsáveis têm que ser punidos

O policial militar Luan Felipe Alves Pereira, apontado como o responsável por jogar um homem de uma ponte na madrugada de segunda-feira (2), foi preso na manhã desta quinta-feira (5/12), após decisão da Justiça Militar do Estado de São Paulo.

O soldado de 1ª classe será encaminhado ao Presídio Romão Gomes.A decisão atende a um pedido da Corregedoria da Polícia Militar, que nessa quarta-feira (4/12) solicitou a prisão do PM.

Além dele, outros 12 policiais são investigados pela ocorrência.Durante a ação policial, os PMs estavam com câmeras corporais, o que ajudou a equipe de investigação a entender a dinâmica do caso. Luan Felipe foi ouvido na última terça-feira (3/12).

A vítima, identificada apenas como Marcelo, de 25 anos, foi arremessada em um córrego e precisou ser resgatada por moradores da região. Segundo Antonio Donizete do Amaral, pai de Marcelo, o filho trabalhava como entregador na motocicleta, passa bem e não tinha passagens pela polícia.

Dinâmica do fato
Um vídeo enviado à imprensa flagrou o momento da abordagem. Nas imagens, é possível ver que um policial levanta uma moto que está no chão. Um segundo e um terceiro policial se aproximam. Depois, o primeiro PM encosta a moto perto da ponte.

Um quarto policial chega segurando o homem pela camiseta azul, que seria o motociclista abordado. Ele se aproxima da beirada da ponte e o arremessa no córrego (veja acima). Nenhum dos colegas faz nada.

Uma testemunha, que preferiu não se identificar, relatou que os policiais estavam no bairro para dispersar moradores de um baile funk.

“Eram dois policiais da Rocam (Policiamento com motos) parados, com cacetete na mão, esperando para abordar. Aí esse menino veio da avenida, virou e aí foi a hora que ele viu os polícias e caiu no chão com a moto. Na hora em que ele caiu no chão com a moto, policiais vieram em cima dele. Eu e minha amiga saímos correndo”, afirmou a testemunha.

Repercussão internacional
O episódio ganhou repercussão internacional ao longo da semana. Com a repercussão do caso, o governo reagiu. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse, em uma rede social, que o policial militar que “atira pelas costas” ou “chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte” não está à altura de usar farda. Disse ainda que o caso será investigado e “rigorosamente” punido.

Além disso, o Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp) também pediu que a polícia encaminhe, em 24 horas, cópia do boletim de ocorrência e das requisições de todas as perícias solicitadas no caso.

A promotoria solicitou à Corregedoria da Polícia Militar que comprove, em até cinco dias, que instaurou Inquérito Policial Militar e afastou os policiais envolvidos. Segundo fontes da Secretaria de Segurança Pública (SSP), dois sargentos e onze cabos e soldados ficarão afastados das ruas até o fim das investigações.

O soldado da Polícia Militar que arremessou o entregador de uma ponte durante abordagem na Vila Clara, Zona Sul de São Paulo, já foi indiciado por homicídio depois de uma ocorrência em que um homem foi morto com 12 tiros, em Diadema, Grande São Paulo, no ano passado. O caso, entretanto, foi arquivado pela Justiça Militar. (Com informações da CNN Brasil)