09 de julho, de 2025 | 21:56
Brasil responderá tarifaço dos EUA com lei de reciprocidade, diz Lula
Legislação libera contramedidas como suspensão de concessões
Com informações da Agência BrasilMarcelo Camargo/Agência Brasil
Lula afirmou que é falsa a alegação do presidente estadunidense Donald Trump de que a taxação seria aplicada em razão de déficit na balança comercial com o Brasil.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (9) que o tarifaço de 50% a todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos será respondido com a Lei de Reciprocidade Econômica. Em um de seus perfis nas mídias sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a soberania do país e disse que é falsa a alegação do presidente estadunidense Donald Trump de que a taxação seria aplicada em razão de déficit na balança comercial com o Brasil.
Segundo Trump, as tarifas passam a valer a partir do dia 1º de agosto. No documento, Trump justifica a medida citando o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Ele também destacou ordens do STF emitidas contra apoiadores do ex-presidente brasileiro que mantêm residência nos Estados Unidos.
Trump tem adotado o método de enviar cartas a líderes de outros países, em tom punitivo e já o fez contra a Colômbia, Japão, Coreia do Sul e México, dentre outros. Entretanto, sempre ficou limitado às questões comerciais. Agora, na carta ao Brasil, pela primeira vez, ele cita apoio ao líder da oposição política a um governo constituído e faz críticas à Justiça de outra nação.
Resposta
A lei brasileira sancionada em abril estabelece critérios para a suspensão de concessões comerciais, de investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a medidas unilaterais adotadas por país ou bloco econômico que impactem negativamente a competitividade internacional brasileira.
Neste sentido, qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica. A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo”, afirmou o presidente
O lei autoriza o Poder Executivo, em coordenação com o setor privado, a adotar contramedidas na forma de restrição às importações de bens e serviços ou medidas de suspensão de concessões comerciais, de investimento e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual e medidas de suspensão de outras obrigações previstas em qualquer acordo comercial do país”.
O governo defende que é falsa a informação sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos”.
Lula afirma ainda que o Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”.
No documento encaminhado por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente estadunidense cita o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, para justificar o ataque ao país. Ele também citou ordens do STF emitidas contra apoiadores do ex-presidente brasileiro que mantêm residência nos Estados Unidos.
O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”, rebateu Lula.
O presidente brasileiro abordou ainda as críticas de Trump às decisões do Supremo Tribunal Federal contra perfis em redes sociais que praticavam discurso de ódio e divulgavam fake news. O presidente afirmou que, no contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática”.
No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira”, escreveu.
Antes de publicar a nota, o presidente Lula coordenou uma reunião de emergência, no Palácio do Planalto, com a presença de seus principais ministros, como Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Internacionais), Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Secom), além do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. O encontro terminou por volta das 20h.
Apoio a Jair Bolsonaro
Em carta enviada a Lula, Trump afirma que "a forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!", escreveu Trump.O presidente dos EUA justifica a medida tarifária citando ainda supostos "ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos".
"A partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os Estados Unidos, separada de todas as tarifas setoriais existentes. Mercadorias transbordadas para tentar evitar essa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta", afirmou o presidente norte-americano.
A manifestação ocorre na mesma semana em que Trump e Lula trocaram críticas por conta da realização da cúpula do Brics, bloco que reúne as maiores economias emergentes do planeta, no Rio de Janeiro. Trump chegou a ameaçar os países do grupo com imposição de tarifas comerciais, o que agora se materializa no caso brasileiro.
Entidades manifestam preocupação com efeitos de tarifaço de Trump
A imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo de Donald Trump foi recebida com preocupação pelo setor produtivo brasileiro. Algumas entidades afirmam que a medida inviabiliza exportações e advertem sobre os riscos para a economia brasileira.Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou não haver fato econômico que justifique a medida dos Estados Unidos. A entidade pede a intensificação das negociações para preservar a relação com um dos maiores parceiros comerciais do Brasil.
Não existe qualquer fato econômico que justifique uma medida desse tamanho, elevando as tarifas sobre o Brasil do piso ao teto. Os impactos dessas tarifas podem ser graves para a nossa indústria, que é muito interligada ao sistema produtivo americano. Uma quebra nessa relação traria muitos prejuízos à nossa economia. Por isso, para o setor produtivo, o mais importante agora é intensificar as negociações e o diálogo para reverter essa decisão”, avaliou o presidente da CNI, Ricardo Alban, em comunicado.
A CNI defendeu uma comunicação construtiva e contínua” entre os dois governos. Sempre defendemos o diálogo como o caminho mais eficaz para resolver divergências e buscar soluções que favoreçam ambos os países. É por meio da cooperação que construiremos uma relação comercial mais equilibrada, complementar e benéfica entre o Brasil e os Estados Unidos”, acrescentou Ricardo Alban.
Carnes
Outro setor que será bastante afetado pela tarifa de 50% serão as carnes. Para a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a medida de Trump tornará o custo da carne brasileira tão alto que inviabilizará a venda do produto para os Estados Unidos.A Abiec reforça a importância de que questões geopolíticas não se transformem em barreiras ao abastecimento global e à garantia da segurança alimentar, especialmente em um cenário que exige cooperação e estabilidade entre os países”, destacou.
A associação também defendeu a retomada das negociações e informou querer contribuir com o diálogo. Estamos dispostos ao diálogo, de modo que medidas dessa natureza não gerem impactos para os setores produtivos brasileiros nem para os consumidores americanos, que recebem nossos produtos com qualidade, regularidade e preços acessíveis”, acrescentou a entidade.
Agropecuária
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) também manifestou preocupação sobre a decisão de Trump. Em nota, a frente destacou que a medida representa um alerta às relações comerciais e políticas entre os dois países e afeta o agronegócio brasileiro.A nova alíquota produz reflexos diretos e atinge o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras”, declarou a frente, que representa a bancada ruralista no Congresso.
Diante desse cenário, a FPA defende uma resposta firme e estratégica: é momento de cautela, diplomacia afiada e presença ativa do Brasil na mesa de negociações. A FPA reitera a importância de fortalecer as tratativas bilaterais, sem isolar o Brasil perante as negociações. A diplomacia é o caminho mais estratégico para a retomada das tratativas”, acrescentou o comunicado da FPA.
Comércio Exterior
A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) disse que recebeu com surpresa e indignação a informação do aumento para 50% da tarifa de importação dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros. Para o presidente-executivo da entidade, José Augusto de Castro, não se trata de uma medida econômica, mas política com impacto econômico de grande lastro.É certamente uma das maiores taxações a que um país já foi submetido na história do comércio internacional, só aplicada aos piores inimigos, o que nunca foi o caso do Brasil. Além das dificuldades de comércio com os Estados Unidos, o anúncio da Casa Branca pode criar uma imagem negativa do Brasil e gerar medo em importadores de outros países de fechar negócios com as nossas empresas, afinal, quem vai querer se indispor com o presidente Trump?”, questiona Castro.
A AEB entende que o cenário que hoje se vislumbra é muito duro para o Brasil, pois se refere a uma ameaça não só aos nossos exportadores, mas a toda a economia do país. A entidade acredita que o bom senso prevalecerá e a taxação será revertida.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
Arthur
10 de julho, 2025 | 16:25Cade o prefeitaço pra mandar saudação pro Trump agora, igual fez quando seu deus foi eleito???”
Sérgio
10 de julho, 2025 | 14:32Agronegócio vêm a público agradecer à família patriota Bolsonaro pela contribuição de TAXA DE 50% de produtos brasileiros nos Estados Unidos.??????????”
Rj
10 de julho, 2025 | 14:08Ô Falo Mesmo, qual crápula você sugere? O Aecim Never? O Tarcisão Caveirão? O ZemaNé? Ah! Já sei. A Nikole Ferreira.”
Falo Mesmo
10 de julho, 2025 | 13:50O Brasil precisa tirar do jogo esses dois crápulas, bolsonaro e lula, colocar em campo sua diplomacia profissional, e não a retórica ideológica que tem prevalecido nos últimos tempos, e acionar os dispositivos legais cabíveis. Mais que nunca, é preciso equilíbrio, diálogo e responsabilidade para enfrentar um desafio complexo como esse que se apresenta para a economia brasileira.”
Santos
10 de julho, 2025 | 13:08Simples assim, se os USA, não quer negociar, o Brasil que compre e venda pra outros Países.”
Stop
10 de julho, 2025 | 09:09Parabéns ao PATRIOTA Calos Bolsonaro conseguiu o que queria
Ao Vale do aço que depende da Usiminas pode haver uma grande Taxa de desemprego
Patriotas Sempre Jogando contra o seu Time
Gol contra não vale Bolsonaro”
Analista
10 de julho, 2025 | 03:31Faça o cálculo da taxa aplicada em dólar ? e taxe o valor referido também ele quer 50% taxe as expirações dele em 70% entre num acordo com os outros países e taxem os estados unidos em 20% a mais em tudo considerando valor taxado pelo Trump.”
Gildázio Garcia Vitor
09 de julho, 2025 | 22:47Mais uma Obra do Dudu Bananinha e do neto do último Ditador, o Paulo Figueiredo. Isso é que é se patriota!
Segundo Johnson, "O patriotismo é o último refúgio dos canalhas", mas segundo Millôr Fernandes, "no Brasil é o primeiro".”
Parafuso
09 de julho, 2025 | 22:46Os Estados Unidos vive sem o Brasil, será que o Brasil vive os EUA, comercialmente falando.”
Carlos Oliveira Silva
09 de julho, 2025 | 22:30O diabo loiro continua aprontando. Com 50% de tarifa, o Brasil não vai exportar nada para os Estados Unidos, porque o Brasil exporta produtos que são importantes para eles, mas são produtos semi-industrializados, alguns industrializados, e essa taxa de 50% inviabiliza o comércio do Brasil com os Estados Unidos, que é o segundo parceiro do Brasil. Pode haver desemprego alucinante. Uma saída precisa ser encontrada.”
Observador
09 de julho, 2025 | 22:20Concordo com o Salgado. Dois velhos brigando, colocando em risco negócios e o destino de pessoas.”
Salgado.
09 de julho, 2025 | 22:16Acho que estamos chegando no fim do túnel .
os velhos gagá estam se estranhando .
Daqui a pouco vai falar em guerra .
Vai vendo .!”