21 de agosto, de 2025 | 14:35

Israel impede acesso de pessoas à água potável em Gaza, alerta Médicos Sem Fronteiras

Digulgação MSF
Bloqueios e destruição da infraestrutura deixam milhões sem acesso seguro ao recurso hídrico essencial à vidaBloqueios e destruição da infraestrutura deixam milhões sem acesso seguro ao recurso hídrico essencial à vida
Israel está privando deliberadamente a população da Faixa de Gaza de água como parte de sua campanha genocida, ao negar aos palestinos acesso ao que é mais básico para a sobrevivência: alimentos, água e assistência médica, afirma a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Após 22 meses de destruição pelo exército e restrições ao acesso à infraestrutura hídrica essencial, promovidas por Israel, a quantidade de água disponível em Gaza tornou-se totalmente insuficiente. Organizações como o MSF poderiam ampliar a oferta de água potável no território; no entanto, Israel bloqueia a importação de itens fundamentais para restabelecer o tratamento da água.

Desde junho de 2024, de cada 10 solicitações feitas por MSF para importar equipamentos de dessalinização, apenas uma foi aprovada.

“Israel deve permitir a importação de equipamentos essenciais para o abastecimento e a distribuição de água em larga escala. O exército israelense deve cessar a destruição da infraestrutura hídrica e permitir o reparo imediato dos sistemas danificados, garantindo que a população tenha acesso à água necessária para sua sobrevivência. Água e outras necessidades básicas não podem ser usadas como armas de guerra.

Não apenas não há água suficiente para a população de Gaza, como a dependência do transporte por caminhões-pipa torna imprevisível o acesso ao pouco que ainda está disponível. Atualmente, 86% do território está sob ordens de deslocamento forçado impostas pelo exército israelense, o que torna inseguro o acesso de caminhões-pipa até as pessoas nessas áreas. A ausência de métodos adequados de armazenamento doméstico agrava ainda mais as dificuldades enfrentadas pela população”, afirma nota divulgada pelo MSF.

Conforme a organização, a redução do fornecimento de água potável em Gaza resultou no aumento de doenças, com equipes médicas de MSF realizando mais de 1.000 consultas por dia para tratar diarreia aquosa aguda no último mês. Sem água suficiente para higiene, as pessoas têm sofrido com problemas de pele, como sarna.

Água potável também é essencial para hospitais, para reduzir a propagação de infecções e manter os pacientes hidratados para que seus corpos possam se recuperar de ferimentos e doenças.

"Há pouca água para muita gente", diz Mohammed Nsier, profissional da área de água e saneamento de MSF em Gaza. "A quantidade que podemos fornecer é muito pequena em comparação com a necessidade, e as condições são extremamente difíceis."

Controle antigo

Conforme a organização MSF, Israel sempre controlou grande parte do fluxo de água para o território, pois não há fontes naturais de água potável em Gaza devido à salinização e à contaminação por esgoto e produtos químicos, o que torna a população dependente tanto da infraestrutura israelense (tubulações e encanamentos) quanto das usinas de dessalinização locais. Essa infraestrutura, no entanto, tem sido alvo constante dos ataques israelenses.

“Desde outubro de 2023, Israel danificou repetidamente duas das três tubulações de água que abastecem Gaza. Estima-se que 70% da água que passa por esses dutos se perde devido a vazamentos na rede de tubulações, resultado dos danos provocados pelos bombardeios. Como consequência, a distribuição de água passou a depender de caminhões-pipa abastecidos em usinas de dessalinização. Das 196 usinas administradas por órgãos públicos e organizações não governamentais, mais de 60% estão fora de funcionamento devido à sua localização ou aos danos sofridos”, informa a MSF.

“Organizações humanitárias estão dispostas a reparar as tubulações e usinas danificadas da infraestrutura hídrica que existia antes de outubro de 2023, mas Israel tem repetidamente dificultado esses esforços, negando acesso aos locais.
Nos locais ainda acessíveis, os reparos são feitos com técnicas improvisadas — chamadas de “Frankenstein” pelas equipes —, aproveitando peças de geradores ou de equipamentos quebrados para consertar outros, além de tentativas desesperadas de obter componentes localmente. Essas medidas se tornam indispensáveis porque Israel impede a entrada em Gaza dos suprimentos necessários para a recuperação da infraestrutura. E, quando os itens conseguem chegar, isso ocorre com meses de atraso devido a bloqueios deliberados”, afirma a nota do MSF. (Com informações da Assessoria de Imprensa do MSF)
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