Aperam 81 Anos

30 de outubro, de 2025 | 06:55

Ministro e governador do Rio de Janeiro anunciam escritório emergencial contra crime

Gabinete enfrentará reações após confronto entre polícia e facção criminosa que resultou em uma estimativa superior a 120 mortos

Com informações da Agência Brasil
Tomaz Silva/Agência Brasil
Balanço apresentado pelo governo estadual quarta-feira: total de mortes chegou a 119 e 58 corpos foram retirados dos complexos de favelas na terça; houve ainda a morte de quatro policiais durante o confronto; por fim, dezenas de corpos foram revelados na manhã de quarta-feira e retirados da área de mata do Complexo da PenhaBalanço apresentado pelo governo estadual quarta-feira: total de mortes chegou a 119 e 58 corpos foram retirados dos complexos de favelas na terça; houve ainda a morte de quatro policiais durante o confronto; por fim, dezenas de corpos foram revelados na manhã de quarta-feira e retirados da área de mata do Complexo da Penha

Uma imagem com dezenas de corpos enfileirados em frente à associação comunitária, na Praça São Lucas, na localidade conhecida por Vila Cruzeiro em uma favela do Rio de Janeiro ganhou manchetes de jornais em vários países nesta quarta-feira (29/10) e ainda repercute nesta quinta-feira. Mas a opinião pública dividida entre os assustados e os que comemoram o resultado macabro do confronto entre policiais e membros de uma facção criminosa nos complexos da Penha e do Alemão, na capital fluminense, é apenas um dos efeitos colaterais da operação. O governo prepara o enfrentamento da reação do crime organizado.

Deflagrada inicialmente para cumprir 180 mandados de busca, apreensão e prisão, a incursão das forças policiais nas favelas resultou em uma guerra em que morreram oficialmente 119 criminosos e quatro policiais. O número oficial de mortos, entretanto, pode subir, conforme admite o governo do Rio de Janeiro. Entre os mandados estavam ordens judiciais expedidos pelo Estado do Pará, de onde teriam saído criminosos fugidos para o Rio de Janeiro.

Na noite de quarta-feira, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, anunciaram a criação de um escritório emergencial para enfrentar o crime organizado no estado. O objetivo é melhorar a integração entre as esferas federal e estadual.

Ações práticas
A coordenação será compartilhada entre o secretário nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, e do secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos.

"É um fórum onde as forças vão conversar entre si, tomar decisões rapidamente até que a crise seja superada. Este é o embrião daquilo que nós queremos criar com PEC da Segurança Pública que está sendo discutida no Congresso Nacional. Nós queremos fazer um entrosamento das forças federais, estaduais e até municipais no enfrentamento deste flagelo”, disse o ministro Lewandowski.

A ideia é que ações sejam "100% integradas" para vencer burocracias e respeitas competências de cada órgão, conforme o governador do Rio.

“Tentar eliminar barreiras para que nós possamos de fato fazer uma segurança pública que atenda o nosso verdadeiro e único cliente, que é o cidadão”, disse o governador do Rio.

A medida ocorre depois da Operação Contenção nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou mais de 100 mortos. A ação é considerada a mais letal da história do país. Em retaliação, criminosos ligados ao Comando Vermelho interditaram ruas em diversos pontos da cidade, com veículos atravessados e barricadas.

Lewandowski disse que o governo federal vai aumentar do efetivo da Polícia Rodoviária Federal em 50 agentes nas estradas e o efetivo de agentes de inteligência no estado. Também foram colocados à disposição peritos e vagas nos presídios federais, caso o governo estadual requisite.

O encontro no Palácio Guanabara, sede do poder estadual do Rio, aconteceu depois de o governador Cláudio Castro cobrar mais apoio do governo federal no enfrentamento às organizações criminosas que atuam no estado. Segundo Castro, o estado está atuando “sozinho nesta guerra”.

No mesmo dia, Lewandowski disse não ter recebido pedido de ajuda do governador para a operação. O ministro lembrou que, no começo do ano, o governador do Rio esteve no Ministério da Justiça e Segurança Pública e pediu a transferência de líderes das facções criminosas para penitenciárias federais de segurança máxima, e foi atendido.
Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, junto ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, durante entrevista coletiva para falar sobre ação policial da Operação Contenção, contra o Comando Vermelho. Foto: Fernando Frazão/Agência BrasilMinistro da Justiça, Ricardo Lewandowski, junto ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, durante entrevista coletiva para falar sobre ação policial da Operação Contenção, contra o Comando Vermelho. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

“Narcoterrorismo”
O governo do Rio tem usado, com frequência, a expressão “narcoterrorismo” para se referir ao crime organizado. Questionado sobre o termo, o ministro Lewandowski disse que ele não se aplica à realidade do estado.

“Uma coisa é terrorismo, outra coisa são facções criminosas. O terrorismo envolve sempre uma questão ideológica. Uma atuação política, uma repressão social com atentados esporádicos. As facções criminosas são constituídas por grupos de pessoas que sistematicamente praticam crimes que estão capitulados no Código Penal. Portanto, é muito fácil identificar o que é uma facção criminosa pelo resultado de suas ações”, disse o ministro.

O ministro disse que a legislação estabelece com clareza as classificações para organização criminosa e grupos terroristas.

“São dois tipos de atuação que não se confundem e, da parte do governo federal, não temos nenhuma intenção de fazer uma mescla delas”, complementa.

Já publicado:
Mães de mortos questionam operação no Rio: ''Arrancaram o braço dele''

Garantia da Lei e da Ordem - GLO

Lewandowski e Castro descartaram a possibilidade de emprego das Forças Armadas para atuar na segurança do estado, por meio da decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

“Nós não nos manifestamos nesse sentido [a favor ou contra]. A GLO está prevista no artigo 142 da Constituição Federal. É uma operação excepcional, que depende de uma solicitação do governador, vamos falar aqui do governador ou da autoridade local que reconhece aí incapacidade das forças locais de debelarem uma situação de crise”, disse o ministro.

Castro também negou ter cogitado solicitar a medida.“Isso [GLO] veio à tona somente porque eu falei da questão dos blindados, que nós em outras três ocasiões tínhamos requerido e nos foi negado porque haveria necessidade de uma GLO. A situação das forças de segurança do Rio de Janeiro hoje é completamente diferente da de 2018. Hoje nós temos uma força de segurança estadual capacitada”, afirmou o governador.

Lula defende trabalho coordenado contra “espinha dorsal do tráfico"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, na noite desta quarta-feira (29), que é necessário um trabalho coordenado para atingir a "espinha dorsal do tráfico” no Brasil.

“Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco”, afirmou o presidente em postagem nas redes sociais.

Lula avalia que esse trabalho coordenado foi o que ocorreu em agosto na Operação Carbono Oculto, considerada por ele como “a maior operação contra o crime organizado da história do país”.

Segundo o presidente, as ações na ocasião tiveram o sucesso esperado ao chegar “ao coração financeiro de uma grande quadrilha envolvida em venda de drogas, adulteração de combustível e lavagem de dinheiro”.

Ainda na postagem na rede social, Lula aproveitou para defender a aprovação da PEC da Segurança que foi encaminhada ao Congresso Nacional.

“Vamos garantir que as diferentes forças policiais atuem de maneira conjunta no enfrentamento às facções criminosas”.

Lula ainda não havia se manifestado publicamente sobre os resultados da Operação Contenção, que deixou ao menos 121 mortos no Rio de Janeiro. O presidente chegou a Brasília na noite de terça-feira (28) depois de viagem ao Sudeste Asiático.

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Comentários

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Tchea

30 de outubro, 2025 | 10:54

“Pois e!”

Nielson

30 de outubro, 2025 | 09:50

“Sou morador de Coronel Fabriciano e estou no Rio de Janeiro desde Julho, fazendo um treinamento. O que constatei aqui é que a população em geral apoia a ação da polícia. Eles se dizem incomodados pelas ações policiais, mas se sentem pior ainda com as ações dos marginais, que botam barreiras nas ruas, impedindo o direito de ir e vir dos cidadãos e os extorquindo, transformando suas vidas em um verdadeiro inferno.”

Salete

30 de outubro, 2025 | 07:56

“Em vídeo dá pra ver alguns moradores até mesmo coniventes, entregando a posição atual dos policiais, dando abrigo para traficantes. Pode se dizer que são governados pelo medo? Sim, mas são coniventes com o crime uma vez que colaboram com os criminosos. Que a polícia EXTERMINE o PCC e todas as outras facções criminosas!”

Sebastian

30 de outubro, 2025 | 07:21

“Por enquanto só tombou favelado. E estão dizendo que além de favelado criminoso morreu gente sem relação com o tráfico, dentre eles dois homens que criavam cavalos num mato acima do Alemão. Estou aqui, esperando ver a ação da polícia contra os "barões", que moram nas áreas nobres.”

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